09 de jul 2025
93 anos da revolução: a história do estado de São Paulo
A origem e a revolta que moldaram o maior estado do país.

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A história do estado de São Paulo começa em 25 de janeiro de 1554, quando os padres jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta fundaram um colégio no planalto de Piratininga, com o objetivo de catequizar os povos indígenas da região. O povoado que ali surgiu recebeu o nome de São Paulo de Piratininga, em homenagem ao santo do dia, São Paulo Apóstolo, e ao termo indígena “Piratininga”, que significa “lugar onde o peixe seca”.
Durante o período colonial, essa região fazia parte da Capitania de São Vicente, criada em 1532, sendo a primeira capitania portuguesa de sucesso no Brasil. A ocupação inicial concentrou-se no litoral, mas, com o tempo, os bandeirantes partiram para o interior, expandindo os limites do território brasileiro para além dos acordos do Tratado de Tordesilhas e explorando áreas que hoje integram outros estados.
Em 1709, com o fim da Guerra dos Emboabas, conflito entre paulistas, que descobriram as minas de ouro em Minas Gerais, e emboabas, portugueses recém-chegados, pela disputa do controle das minas. Venceu o grupo dos emboabas com apoio da Coroa, que passou a controlar a região, levando a criação da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro. Em 1720, essa capitania foi desmembrada, dando origem à Capitania de São Paulo. Naquele momento, o território paulista englobava, além do atual estado, áreas que hoje pertencem ao Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e parte de Goiás, que foram sendo desmembradas ao longo dos séculos XVIII e XIX.
Declínio Econômico
Com o esgotamento do ouro e o fim do ciclo das bandeiras, São Paulo entrou em um período de estagnação econômica. Após a separação de Minas em 1720, a região perdeu parte de sua relevância na mineração. A economia local ficou restrita à pecuária, à agricultura de subsistência e a pequenas trocas comerciais, mantendo-se de forma modesta, sem grandes fontes de riqueza, até a chegada do café.
Ciclo do Café
No século XIX, o estado se transformou profundamente com o ciclo do café, que começou no Vale do Paraíba e depois avançou para o Oeste Paulista. Esse ciclo impulsionou o desenvolvimento econômico, a construção de ferrovias para o escoamento da produção e o crescimento das cidades, especialmente aquelas ligadas ao Porto de Santos.
Com o fim da escravidão, São Paulo passou a receber milhões de imigrantes, que foram fundamentais tanto para o trabalho nas lavouras quanto, posteriormente, para o desenvolvimento industrial.
Industrialização - Final do Século XIX e Século XX
O dinheiro acumulado com o café foi, em grande parte, convertido em investimentos industriais. A cidade de São Paulo e a região do ABC Paulista tornaram-se grandes polos industriais, com destaque para os setores automobilístico, metalúrgico, têxtil, químico e alimentício.
Esse processo levou a um crescimento urbano acelerado, consolidando São Paulo como o maior polo econômico, urbano e industrial do país. Porém, apesar de seu protagonismo econômico, São Paulo enfrentava uma crescente insatisfação política. O governo provisório instaurado por Getúlio Vargas, após a Revolução de 1930, centralizava o poder e excluía São Paulo das decisões governamentais, desconsiderando a tradição política e a força econômica do estado.
Foi nesse contexto de tensão e reivindicação por democracia e autonomia que, em 9 de julho de 1932, eclodiu a Revolução Constitucionalista: um dos momentos mais marcantes da história paulista e brasileira.
Revolução Constitucionalista de 1932
Em 9 de julho de 1932, o estado de São Paulo iniciou a Revolução Constitucionalista, um movimento armado contra o governo provisório de Getúlio Vargas, instaurado após a Revolução de 1930. Os paulistas exigiam a convocação imediata de uma Assembleia Constituinte e a promulgação de uma nova constituição para o Brasil, já que a anterior, de 1891, havia sido revogada. Além disso, havia insatisfação com a centralização do poder nas mãos de Vargas e a exclusão de São Paulo das decisões políticas nacionais. O conflito durou cerca de três meses, mobilizou mais de 200 mil pessoas entre civis e militares e resultou em aproximadamente 900 mortes, segundo registros oficiais. Apesar da derrota militar dos constitucionalistas em outubro de 1932, o movimento teve consequências políticas relevantes: em 1933, o governo convocou eleições para uma Assembleia Nacional Constituinte, que resultaria na promulgação da nova Constituição em 1934. Em reconhecimento à importância do episódio para a história política brasileira, o dia 9 de julho é feriado estadual em São Paulo desde 1997, oficializado por lei, e relembra o esforço dos paulistas em defesa da ordem constitucional.
Pós-Segunda Guerra - Crescimento Acelerado
A partir dos anos 1950, com a industrialização e urbanização acelerada, São Paulo se tornou o maior centro econômico do Brasil e da América Latina. O estado viveu um boom econômico, atraindo imigrantes, especialmente do Nordeste, que ajudaram a construir fábricas, rodovias, prédios e infraestrutura.
Anos 1980 em Diante — Reconfiguração Econômica
Na década de 1980, muitas indústrias migraram para o interior ou outros estados devido a custos altos na capital. Setores como serviços, finanças, tecnologia e agronegócio passaram a dominar a economia paulista. Cidades do interior, como Campinas e São José dos Campos, cresceram como polos de inovação e indústria.
Século XXI — São Paulo Globalizado
Com mais de 30% do PIB brasileiro, São Paulo segue como motor da economia nacional e principal centro financeiro da América Latina, com grandes empresas e um setor agroindustrial e tecnológico em constante expansão. O estado continua liderando transformações, inovando e influenciando os rumos do país.
Neste 9 de julho, marca da Revolução Constitucionalista de 1932, São Paulo celebra não apenas seu passado de luta por democracia e justiça, mas também sua vocação histórica para liderar. A força que moveu milhares às ruas naquela época segue presente, agora em forma de trabalho, inovação e visão de futuro.
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