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09 de jul 2025

Por que São Paulo se rebelou em 1932: entenda a Revolução Constitucionalista

A história de um dos marcos mais importantes do estado de São Paulo

Foto: Reprodução

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Durante o fim da República Velha (1889 - 1930), o Brasil foi governado por uma oligarquia dominada por São Paulo (café) e Minas gerais (leite), a chamada “política do café com leite”. Nela, os mandatos para presidência eram alternados entre membros que representavam os estados.

Porém, em 1929, a crise econômica mundial (grande depressão) afetou fortemente o setor cafeeiro brasileiro, gerando insatisfação das elites paulistas, dependentes da exportação de café. Além dos impactos econômicos, havia crescente insatisfação com a política oligárquica e coronelista, que mantinha o poder concentrado e impedia reformas políticas e sociais necessárias.

Um ano depois, o presidente Washington Luís, paulista, quebrou a tradição da alternância entre São Paulo e Minas Gerais e apoiou o candidato paulista Júlio Prestes para presidente, gerando revolta entre outros estados. Por isso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba formaram a chamada Aliança Liberal para apoiar Getúlio Vargas, então governador do Rio Grande do Sul, como candidato à presidência.

Júlio Prestes venceu as eleições presidenciais de 1930, mas a oposição denunciou fraude e irregularidades, alegando que o resultado era ilegítimo. Em julho daquele ano, João Pessoa, candidato a vice-presidente na chapa de Vargas, foi assassinado, e o crime foi usado para intensificar a mobilização política contra o governo. Vargas, representante da Aliança Liberal, passou a liderar um movimento para derrubar o governo federal e acabar com o domínio da oligarquia paulista.

Em 3 de outubro de 1930, mesmo após a eleição, o clima político ainda era de muita tensão. No dia 24 de outubro, começou uma revolução armada em vários estados contra o governo federal, e as tropas legalistas de Washington Luís foram rapidamente derrotadas. No mesmo dia, o presidente Washington Luís foi deposto pelo próprio Exército, e Getúlio Vargas assumiu o poder como chefe do governo provisório em 3 de novembro de 1930.

Motivações

O estado de São Paulo demonstrou grande insatisfação com o governo provisório de Getúlio Vargas, principalmente pela ausência de medidas concretas para a convocação de uma Assembleia Constituinte que elaborasse uma nova Constituição para o país. A centralização do poder também gerou forte descontentamento, já que Vargas nomeou interventores federais para governar os estados, inclusive São Paulo, retirando a autonomia das lideranças políticas locais. Diante disso, os paulistas passaram a reivindicar a restauração do federalismo e a garantia de direitos democráticos. A tensão política se intensificou e, em meio a esse cenário, surgiu um movimento de pressão que evoluiu para um confronto armado: a Revolução Constitucionalista de 1932.

Movimento Revolucionário

O movimento revolucionário teve início em 9 de julho de 1932 e contou principalmente com a participação de paulistas: civis, militares estaduais, estudantes, intelectuais, agricultores e industriais. O objetivo era derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas e forçá-lo a convocar uma Assembleia Constituinte para elaborar uma nova Constituição.

São Paulo organizou suas forças militares, criando a Força Pública de São Paulo, que atuou como um exército estadual. Em resposta, o governo federal enviou tropas formadas por militares do Exército e forças de outros estados. Os combates ocorreram principalmente no interior de São Paulo e em regiões próximas às fronteiras com Minas Gerais e Rio de Janeiro, durando cerca de três meses. Apesar da grande resistência dos paulistas, o governo federal possuía superioridade numérica e logística.

A revolução contou com simpatia de outros grupos insatisfeitos com Vargas, mas o apoio militar e político fora de São Paulo foi limitado. Alguns estados ofereceram apoio logístico, porém sem enviar tropas em larga escala.

Consequências e legado

A revolução foi derrotada militarmente em outubro de 1932, resultando na morte de cerca de 900 pessoas. Apesar disso, o movimento teve enorme impacto político: pressionado pela força paulista e pela opinião pública, Vargas convocou uma Assembleia Constituinte em 1933, e em 1934 foi promulgada a nova Constituição brasileira.

A nova Constituição, promulgada em 1934, trouxe avanços como voto secreto, voto feminino e criação da Justiça Eleitoral. Reforçou a luta por autonomia dos estados e serviu de marco na transição para um regime constitucional.

Em São Paulo, a revolução fortaleceu o sentimento de identidade paulista e deu origem ao feriado estadual de 9 de julho, uma oportunidade para revisitar a história e conhecer de perto os marcos e memórias do movimento, confira aí!

  • Monumento às Bandeiras, no Parque do Ibirapuera, que homenageia os bandeirantes e também remete ao espírito de luta e resistência paulista.
  • Museu do Ipiranga (Museu Paulista), que possui exposições sobre a história de São Paulo, incluindo a Revolução de 1932.
  • Ponte das Bandeiras, que é uma homenagem aos combatentes da revolução.
  • Praça da Revolução Constitucionalista, localizada no centro da capital paulista, onde ocorrem eventos e homenagens todo 9 de julho.
  • Cemitério do Araçá, onde estão enterrados muitos combatentes da revolução, com túmulos e memoriais dedicados.

Um marco histórico que moldou o cenário político brasileiro e a identidade paulista. Seus desdobramentos influenciaram diretamente a formação do Estado brasileiro moderno e continuam presentes no cotidiano de São Paulo, seja pelo reconhecimento oficial do feriado estadual, seja pela preservação dos espaços que lembram essa luta.

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