Sabesp propõe aumento significativo na remuneração de executivos após desestatização

A Sabesp, após sua desestatização, está propondo um ajuste significativo no plano de remuneração de seus executivos, alinhando-o ao padrão de empresas privadas. O novo montante a ser submetido à assembleia de acionistas em abril é de R$ 65,7 milhões, um aumento expressivo em relação aos R$ 10,6 milhões aprovados no ano anterior. A proposta inclui R$ 13,98 milhões para o conselho de administração, R$ 50,98 milhões para a diretoria e R$ 750 mil para o conselho fiscal, refletindo a necessidade de atrair e reter talentos em um ambiente competitivo.

A Sabesp, que atualmente vale R$ 70 bilhões e possui uma receita anual de R$ 24 bilhões, está em um ciclo de investimentos que requer R$ 70 bilhões nos próximos cinco anos. O cumprimento das metas de universalização do saneamento básico até 2029 é crucial, pois a empresa enfrenta penalidades de até 10% na tarifa, resultando em uma perda de receita de cerca de R$ 2 bilhões em caso de descumprimento. O plano de incentivos é dividido entre desempenho financeiro e operacional, com foco na universalização.

Os incentivos de curto prazo são igualmente ponderados entre desempenho financeiro e operacional, enquanto no longo prazo, a meta de conexões de rede de saneamento é priorizada. A estrutura de remuneração da diretoria é composta por 37,8% de salário base, 30,8% de incentivos de curto prazo e 31,4% de incentivos de longo prazo, significando que o não cumprimento das metas pode resultar na perda de dois terços do montante previsto.

Comparativamente, a Eletrobras, após sua privatização em 2022, também revisou sua política de remuneração, aumentando o montante máximo de R$ 11 milhões para R$ 92 milhões em 2023. Embora as duas empresas operem em setores diferentes, a Sabesp busca se alinhar a práticas de mercado que favoreçam a competitividade e a atração de talentos, especialmente em um cenário onde a estabilidade das estatais é contrastada com o potencial de remuneração das privadas.