- A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos altera o cenário de investimentos climáticos, tornando o Brasil um destino estratégico para recursos internacionais em soluções de baixo carbono.
- A organizadora do Brazil Climate Summit, Marina Cançado, destaca que investidores americanos estão buscando oportunidades fora dos Estados Unidos, com o Brasil se destacando em um encontro no México.
- O Brazil Climate Summit, que ocorrerá em Nova York, reunirá cerca de oitocentos participantes, incluindo grandes bancos e gestoras americanas.
- Cançado aponta que as tarifas comerciais de Trump podem ser um desafio, mas também uma oportunidade para o Brasil se afirmar como fornecedor confiável em soluções climáticas.
- O Brasil é visto como um terreno fértil para investimentos em biocombustíveis e combustíveis sustentáveis, com potencial para avançar em cadeias de valor e restauração de áreas degradadas.
A retomada da presidência de Donald Trump nos Estados Unidos trouxe uma nova dinâmica para o mercado de investimentos climáticos, fazendo do Brasil um destino estratégico para recursos internacionais em soluções de baixo carbono. Essa análise é de Marina Cançado, organizadora do Brazil Climate Summit e fundadora da Converge Capital. Em entrevista à Bloomberg Línea, ela destacou que, apesar da cautela dos investidores devido às incertezas políticas em Washington, o Brasil se beneficia dessa reconfiguração.
Investidores americanos estão cada vez mais buscando oportunidades fora dos Estados Unidos, um movimento que não era comum anteriormente. Cançado mencionou que, durante um encontro no México com mais de 200 family offices globais, o Brasil e a América Latina se destacaram como prioridades para esses investidores. “Eles não estão deixando de investir, pelo contrário”, afirmou, ressaltando que o Brasil possui um setor privado maduro e comprometido com soluções climáticas.
Oportunidades e Desafios
O Brazil Climate Summit, que ocorrerá em Nova York, reunirá cerca de 800 participantes, incluindo grandes bancos e gestoras americanas. Cançado acredita que as tarifas comerciais impostas por Trump podem representar um desafio, mas também uma oportunidade para o Brasil se posicionar como um destino atrativo para investimentos. “O mundo pode ver o Brasil como um fornecedor confiável,” disse, enfatizando a capacidade do país em contribuir para a descarbonização global.
Além disso, o Brasil já é visto como um “terreno fértil” para soluções climáticas, com a chegada de operadores internacionais e investimentos em biocombustíveis e combustíveis sustentáveis. A matriz elétrica renovável do país também abre espaço para indústrias de maior valor agregado, como o aço verde e o hidrogênio.
Caminhos para o Futuro
Para consolidar essa posição, Cançado sugere uma melhor organização dos setores emergentes. O Brasil pode ir além da exportação de créditos de carbono, avançando em cadeias de valor que envolvem restauração de áreas degradadas e produção de alimentos. “Quando o setor se organiza, o país desempenha funções relevantes na economia global,” afirmou.
Entretanto, desafios como a volatilidade cambial e a falta de instrumentos financeiros adequados ainda dificultam a atração de capital. A implementação de contratos de longo prazo e programas como o Eco Invest podem facilitar essa atração, especialmente com a proximidade da COP30, que ocorrerá em Belém em novembro. “O Brasil pode ser um parceiro estável em soluções de baixo carbono,” concluiu Cançado.
