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Políticas de combate ao bullying acabam gerando efeito contrário

Estudos contestam políticas antibullying: Groningen (2018) registra maior depressão entre vítimas; Inglaterra (2022) aponta pouco efeito na ansiedade/depressão

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Por Revisado por Time de Jornalismo Portal Tela
Em 2016, Facebook lançou ferramenta para apoiar escolas no combate ao bullying. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasi)
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  • Lei 13.185, de 2015, instituiu programas de combate à intimidação sistemática nas escolas brasileiras, com foco em capacitação de alunos, pais e educadores.
  • Estudos indicam efeitos adversos dessas intervenções: pesquisa da Universidade de Groningen, em 2018, acompanhou 4.356 alunos e mostrou que vítimas em ambientes com programas visíveis apresentaram maiores sintomas de depressão e menor autoestima.
  • Estudo no Reino Unido, publicado em 2022, aponta pouco impacto das intervenções na redução de ansiedade e depressão, sugerindo favorecer abordagens de apoio social entre pares.
  • Especialistas destacam que educação socioemocional e estratégias de enfrentamento são importantes, mas a proteção excessiva pode evitar desconforto necessário para desenvolver resiliência e autorregulação.
  • Pesquisas da Coreia do Sul sugerem que a vitimização nem sempre traz sofrimento emocional maior quando há incentivo a enfrentar agressões, reforçando a necessidade de equilíbrio entre proteção e aprendizado emocional.

Nos últimos anos, as escolas brasileiras intensificaram suas ações contra o bullying, especialmente após a promulgação da Lei 13.185, em 2015, que instituiu programas de combate à intimidação sistemática. Essas iniciativas visam promover um ambiente escolar mais inclusivo e respeitoso, com capacitações para alunos, pais e educadores. No entanto, novas pesquisas questionam a eficácia dessas políticas.

Estudos recentes, como o realizado pela Universidade de Groningen, em 2018, revelaram que intervenções anti-bullying podem ter efeitos adversos. A pesquisa, que acompanhou 4.356 alunos, concluiu que as vítimas de bullying em escolas com programas visíveis apresentaram maiores sintomas de depressão e menor autoestima em comparação com aquelas em ambientes que mantinham uma abordagem de “cuidado como de costume”. Essa situação indica que o excesso de proteção pode, na verdade, fragilizar os jovens.

Críticas às Políticas de Proteção

Outro estudo, publicado em 2022 no Reino Unido, corroborou essas descobertas, apontando que as intervenções anti-bullying têm pouco impacto na redução de sintomas de ansiedade e depressão. Os pesquisadores sugerem que abordagens focadas em apoio social entre pares podem ser mais eficazes para melhorar a saúde mental dos alunos. O doutor em Psicologia Fernando José Silveira destaca que a educação socioemocional e estratégias de enfrentamento são essenciais, mas observa que a proteção excessiva pode evitar o desconforto em vez de ensinar a gerenciá-lo.

A pedagoga Cheila Alves Dias complementa que é fundamental que os alunos se tornem agentes ativos em suas experiências escolares, promovendo autonomia e responsabilidade. Essa visão é apoiada por evidências que mostram que o contato controlado com frustrações é crucial para o desenvolvimento da resiliência e da autorregulação emocional.

A Necessidade de Reavaliação

Pesquisas realizadas na Coreia do Sul indicaram que a vitimização em sala de aula não necessariamente resulta em maior sofrimento emocional, especialmente em contextos onde os alunos são encorajados a confrontar os agressores. Silveira alerta sobre o risco de patologizar comportamentos normais, confundindo interações sociais com agressões.

No contexto atual, as críticas às políticas anti-bullying ressaltam a importância de preparar as novas gerações para enfrentar as adversidades da vida social. O equilíbrio entre proteção e aprendizado emocional é essencial, pois a superproteção pode resultar em adultos imaturos, incapazes de lidar com frustrações.

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