02 de mar 2025

Indígenas desempenham papel crucial na construção do linhão de Tucuruí e preservação ambiental
O Linhão de Tucuruí, leiloado em 2011, visa integrar Roraima ao Sistema Interligado Nacional. Atualmente, 64% das obras estão concluídas, com 70 das 237 torres instaladas. Novo atraso na conclusão do projeto foi anunciado, agora prevista para dezembro de 2025. A construção impacta a Terra Indígena Waimiri Atroari, afetando rotas de caça e coleta. Indígenas Kinja atuam como fiscais, garantindo mitigação de impactos ambientais e sociais.
Foto:Reprodução
Ouvir a notícia:
Indígenas desempenham papel crucial na construção do linhão de Tucuruí e preservação ambiental
Ouvir a notícia
Indígenas desempenham papel crucial na construção do linhão de Tucuruí e preservação ambiental - Indígenas desempenham papel crucial na construção do linhão de Tucuruí e preservação ambiental
A Terra Indígena Waimiri Atroari, que abrange quase 2,3 milhões de hectares no norte do Amazonas e sul de Roraima, está passando por mudanças significativas com a construção do Linhão de Tucuruí. Este projeto, que visa conectar Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN), já tem 64% das obras concluídas e prevê a instalação de 1.390 torres ao longo de 724 km. O consórcio Transnorte Energia, responsável pela obra, espera finalizar o projeto até setembro de 2025, após um acordo que permitiu a continuidade das construções, que enfrentaram resistência devido à falta de comunicação com os povos indígenas.
O linhão é crucial para reduzir a dependência de termelétricas movidas a diesel, que custaram a Roraima mais de R$ 324 milhões em combustíveis em 2024. O estado, que liderou as emissões de CO2 per capita em 2021, busca integrar fontes de energia renováveis, como solar e eólica, para mitigar os impactos ambientais e sociais da construção. No entanto, a instalação das torres afeta diretamente as rotas de caça e coleta dos indígenas, exigindo desmatamento significativo.
Após anos de negociações, os Kinja, como os Waimiri Atroari se autodenominam, consentiram com a obra em troca de compensações financeiras e a implementação de um Plano Básico Ambiental – Componente Indígena (PBA-CI). Este plano visa restaurar áreas degradadas e monitorar os impactos socioambientais, com a participação ativa dos indígenas em atividades de fiscalização. Em 2024, 460 Kinja estiveram envolvidos na supervisão das obras, registrando mais de 4.500 inspeções e resgatando milhares de animais e mudas.
A expansão das linhas de transmissão é essencial para atender à crescente demanda de energia elétrica em Roraima, que teve um aumento de 7,26% em 2022. Especialistas ressaltam que a infraestrutura deve acompanhar o crescimento da geração de energia, especialmente em regiões remotas. O Ministério de Minas e Energia já prevê um novo atraso na conclusão do projeto, agora estimada para 30 de dezembro de 2025. Enquanto isso, os Kinja buscam garantir que os erros do passado não se repitam, utilizando a obra como uma oportunidade de aprendizado e capacitação para sua comunidade.
Perguntas Relacionadas
Comentários
Os comentários não representam a opinião do Portal Tela;
a responsabilidade é do autor da mensagem.