Cruz Vermelha aponta crise humanitária sem precedentes na Colômbia desde acordo de paz

A situação humanitária na Colômbia atingiu seu nível mais crítico em oito anos, com um aumento alarmante na violência e nas vítimas de artefatos explosivos, conforme relatado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR). Patrick Hamilton, chefe da delegação do CICR, destacou que a crise é exacerbada pela crescente desconsideração das normas do direito internacional humanitário (DIH). O relatório anual do CICR documentou 382 violações ao DIH em 2023, sendo 44% delas atos contra civis fora de confrontos.

O aumento das vítimas de explosivos é particularmente preocupante. Em 2023, 719 pessoas foram afetadas, um crescimento de 89% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 380 vítimas. A região do Pacífico, especialmente os departamentos de Cauca e Valle del Cauca, foi a mais impactada. O uso de artefatos explosivos, incluindo minas e drones, tem forçado comunidades a se deslocarem ou se confinarem, aumentando a insegurança.

Além disso, o CICR registrou 41.228 deslocamentos forçados em eventos coletivos e 117.697 deslocamentos individuais, além de 252 casos de desaparecimento forçado. A presença de diversos grupos armados, que surgiram após o desarme das FARC, contribui para a instabilidade. O CICR identificou pelo menos oito conflitos armados não internacionais ativos no país, refletindo a complexidade da situação.

Hamilton fez um apelo urgente para que todas as partes em conflito respeitem as normas do DIH e protejam a população civil. Ele enfatizou que a proteção dos civis não é apenas um gesto de boa vontade, mas uma obrigação que deve ser cumprida sem exceções. A situação atual, segundo o CICR, é um reflexo do descontentamento e da fragilidade que persistem após o acordo de paz de 2016.