Escolas clandestinas em Afeganistão oferecem esperança a meninas sem acesso à educação

Zahra, uma adolescente de 15 anos, representa as centenas de meninas afegãs que, após o fechamento das escolas pelos talibãs, buscam educação em clandestinidade. Desde a retomada do poder em agosto de 2021, o acesso à educação para meninas acima de 12 anos foi severamente restringido, resultando em 2,2 milhões de adolescentes fora da escola. Para continuar seus estudos, Zahra esconde livros em sacolas e enfrenta o medo diário de ser descoberta, como ocorreu quando um talibã a interrogou sobre o conteúdo de sua bolsa.

A situação das mulheres em Afganistão é alarmante, com a Unicef estimando que 400 mil meninas se juntaram ao número de estudantes privadas de educação neste ano. As escolas clandestinas surgem como a única alternativa, embora apenas uma minoria tenha acesso a elas. As professoras que atuam nessas instituições enfrentam riscos extremos, como a ex-estudante de Direito que foi agredida por talibãs ao tentar manter uma aula clandestina.

Beheshta, uma diretora de escola clandestina, e Ariana, uma professora de matemática, relatam as dificuldades de ensinar em um ambiente hostil. Elas mudam frequentemente de local e utilizam estratégias como disfarçar as aulas como cursos de costura para evitar a detecção. O ensino é realizado em condições precárias, com materiais escondidos e horários flexíveis para não chamar atenção.

As restrições impostas pelos talibãs vão além da educação, afetando a vida cotidiana das mulheres, que enfrentam um verdadeiro "apartheid de gênero". Muitas mães, como Shajan, lutam para garantir que suas filhas tenham acesso ao conhecimento, mesmo que isso signifique correr riscos. A determinação de Zahra e suas colegas reflete uma resistência contínua, com a esperança de que um dia possam retomar seus estudos formalmente.