18 de abr 2025
Dom Angélico, bispo subversivo, morre aos 92 anos após lutar pelos direitos humanos
Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo e defensor dos direitos humanos, faleceu aos 92 anos. Sua luta contra a repressão militar marcou a história da Igreja no Brasil.
Dom Angélico Sândalo Bernardino chega ao Dops para depor sobre invasões de terra, em 1989 (Foto: Claudine Petroli / 22-5-1989)
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Bispo Dom Angélico Sândalo Bernardino morre aos 92 anos, após vida de defesa dos direitos humanos
Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo conhecido por sua atuação em defesa dos direitos humanos e dos trabalhadores, faleceu nesta terça-feira, aos 92 anos. A trajetória religiosa foi marcada pela oposição à ditadura militar e pela defesa dos mais vulneráveis.
Atuação na Igreja e início da perseguição
Ainda jovem, Dom Angélico conciliou as vocações de padre e jornalista, utilizando a comunicação para aproximar a Igreja dos fiéis. Em 1969, foi alvo da primeira perseguição policial sob a acusação de ligação com a luta armada, mas a Igreja o defendeu e o caso foi arquivado.
Fichado como “esquerdista” e crítico do governo
Dois anos depois, o religioso foi fichado como “elemento reconhecidamente esquerdista”, envolvido em “atividades subversivas”. A repressão militar o acusava de usar o jornal Diário de Notícias para criticar as autoridades e disseminar “intrigas e mentiras”.
Denúncias contra a tortura e a repressão
Dom Angélico denunciou publicamente os métodos da repressão, chamando-os de “bárbaros”. Em 1976, criticou a tortura no caso do operário Manoel Fiel Filho e se referiu ao DOI-Codi como “casa de horrores”. Suas pregações incomodavam os espiões infiltrados nas missas.
Atuação na Zona Leste e apoio a movimentos sociais
Como bispo auxiliar na Zona Leste de São Paulo, Dom Angélico trabalhou com os mais pobres, incentivando movimentos por creches, moradia e pressionando as autoridades. Em 1977, ameaçou suspender as missas para exigir segurança em ferrovias após um acidente.
Investigação sobre o gibi “Zé Marmita”
Em 1978, a ditadura investigou o gibi “As Aventuras de Zé Marmita”, que narrava a rotina nas fábricas e incentivava a luta dos trabalhadores. A suspeita era de financiamento por Dom Angélico, mas a Polícia Federal concluiu que a revista era produzida com doações e trabalho voluntário.
Legado de defesa dos trabalhadores
Dom Angélico sempre defendeu a atuação da Igreja ao lado dos trabalhadores, afirmando que a instituição não tinha partido político, mas buscava creches, escolas e hospitais para a população. Ele faleceu deixando um legado de luta por justiça social e direitos humanos.
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