- David Drake, conhecido como Dave the Potter, foi escravizado no início do século XIX e escreveu nomes e versos nas cerâmicas que produzia, desafiando a proibição de ler ou escrever para pessoas escravizadas.
- Historiadores afirmam que ele não era plenamente reconhecido como artista durante sua vida, já que os benefícios econômicos de suas obras eram destinados a outros.
- A ideia de que todo artista tem direito inalienável de possuir e lucrar com sua criação é discutida ao longo do texto, citando a Convenção de Berna e o conceito de direitos autorais.
- Após décadas, o Museu de Belas Artes de Boston devolveu duas jarros de Drake aos herdeiros, reconhecendo oficialmente Drake como artista e abrindo caminho para reparação histórica.
- O episódio é visto como um passo para transformar propriedade em tutela e justiça reparativa, incentivando museus e colecionadores a reconhecer plenamente a identidade artística de Drake.
David Drake, conhecido como Dave the Potter, passa a ser reconhecido como artista completo. O Museu de Belas Artes de Boston devolveu duas jarros criados pelo ceramista enslaved e abriu caminho para o reconhecimento pleno de sua obra e direitos.
Nascido por volta de 1801 na Carolina do Sul, Drake produziu jarros de pedra-sabão com grande vigor técnico. Em uma época em que ensinar escravizados a ler era crime, ele gravou o próprio nome e versos nas peças, num ato de resistência e criação.
Os jarros, utilitários à época, carregavam sinais de talento e de afirmação de identidade. A obra de Drake mobiliza debates sobre propriedade intelectual, autoria e os benefícios econômicos gerados pela arte criada sob escravidão.
Reconhecimento histórico
Décadas após a morte, o mundo da arte e as instituições passaram a reconhecer a importância de Drake. Suas peças passaram a figurar em museus e a registrar valores altos em leilões, mas os lucros não retornavam à família.
A ação do MFA Boston, ao devolver as peças aos herdeiros, representa um marco de reparação histórica. A medida integra o conceito de propriedade e benefício sobre a criação artística, ampliando o entendimento de autoria.
Este movimento abre espaço para que coleções e colecionadores atuem como “curadores” da herança de Drake. A ideia é transformar propriedade em gestão responsável e reparação de injustiças históricas, mantendo a memória ativa.
Legado e continuidade
A devolução sinaliza que Drake é artista em pleno direito, não apenas em reconhecimento histórico. As obras passam a integrar o patrimônio dos descendentes, com participação na forma de beneficiar a herança artística.
George Fatheree, advogado e ativista, atuou para assegurar o retorno das peças aos herdeiros. O movimento reforça a necessidade de tratar a obra sob escravidão como parte integral da história da arte.
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