Recentemente, o empresário Elon Musk, novo responsável pelo Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos, anunciou o fechamento da USAID, agência que, por décadas, atuou no desenvolvimento internacional. Essa decisão, embora classificada por alguns como o “fechamento de uma agência humanitária”, não reflete a realidade, uma vez que a USAID também se dedicava a iniciativas […]
Recentemente, o empresário Elon Musk, novo responsável pelo Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos, anunciou o fechamento da USAID, agência que, por décadas, atuou no desenvolvimento internacional. Essa decisão, embora classificada por alguns como o “fechamento de uma agência humanitária”, não reflete a realidade, uma vez que a USAID também se dedicava a iniciativas de cooperação para o desenvolvimento, além da assistência humanitária. A criação da USAID remonta ao pós-Segunda Guerra Mundial, quando os EUA implementaram o Plano Marshall para reconstruir a Europa, e, posteriormente, expandiram suas operações para conter a influência soviética em países em desenvolvimento.
Durante sua trajetória, a USAID desempenhou um papel estratégico na Guerra Fria, financiando programas que visavam limitar a influência comunista, inclusive no Brasil, onde apoiou projetos durante o regime militar. Nos anos 1990, a agência enfrentou uma crise de identidade, adaptando suas políticas às novas realidades geopolíticas e alinhando-se às agendas da ONU, promovendo princípios de diversidade e justiça climática. Recentemente, a USAID havia aumentado o financiamento direto a organizações locais, atingindo cerca de 11% de seus recursos, refletindo uma mudança em sua abordagem de cooperação.
A decisão de Musk de extinguir a USAID, embora apresentada como uma incorporação de suas funções ao Departamento de Estado, simboliza uma nova orientação política dos EUA, que agora se distancia da cooperação internacional. A justificativa para essa mudança, que envolve o combate à “ideologia woke”, sugere uma diminuição da prioridade estratégica atribuída ao diálogo com nações em desenvolvimento. Com o fechamento da agência, surgem preocupações sobre a possibilidade de outros países, como a China, assumirem a liderança na distribuição de recursos e na promoção de seus valores.
A extinção da USAID coloca os EUA em uma posição singular entre os membros fundadores da OCDE, sendo possivelmente o único país do grupo sem uma agência dedicada à cooperação internacional. Essa mudança, que marca um desdobramento significativo na política externa americana, merece atenção, pois pode impactar a influência dos EUA no cenário global e sua capacidade de moldar a agenda de desenvolvimento internacional.