13 de ago 2025
Cooperação internacional avança com mais recursos e menos discursos vazios
Cortes na ajuda internacional e ausência dos EUA comprometem financiamento a países necessitados, exigindo novas estratégias de cooperação

Ajuda humanitária para a Venezuela dentro de um armazém na cidade fronteiriça de Cúcuta (Colômbia), em uma imagem de fevereiro de 2019. (Foto: Elyxandro Cegarra/NurPhoto/Getty Images)
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A cooperação internacional enfrenta desafios sem precedentes, agravados por conflitos bélicos, mudanças climáticas e uma crise no multilateralismo. Recentemente, a cúpula da ONU em Sevilla aprovou mais de cem medidas para financiar países em necessidade, mas a ausência dos Estados Unidos e a redução das contribuições de outras nações complicam a situação.
A agência de cooperação dos EUA (USAID), que historicamente fornecia mais de 40% da ajuda global, sofreu cortes significativos. O secretário de Estado, Marco Rubio, justificou a decisão de desmantelar a agência, alegando que seus programas eram tratados como caridade, em vez de instrumentos de política externa. Essa mudança reflete uma tendência preocupante, já que países como França, Alemanha e Reino Unido também estão reduzindo suas contribuições.
Na América Latina e no Caribe, a ajuda dos EUA representava mais de 20% da assistência total recebida pela região. Contudo, essa proporção caiu drasticamente nas últimas décadas, de 20% para menos de 10%, totalizando cerca de dez bilhões de dólares anuais. Essa diminuição de recursos exige uma reflexão sobre as estratégias de cooperação que não têm funcionado, além de destacar modelos bem-sucedidos, como a cooperação Sur-Sur.
Desafios e Oportunidades
A falta de foco nas prioridades tem sido um dos principais problemas na utilização eficiente dos recursos. Muitas iniciativas, especialmente no setor de educação, falharam devido à falta de alinhamento com as necessidades locais. Investimentos em tecnologia e programas sem infraestrutura adequada resultaram em desperdício de recursos.
Por outro lado, a filantropia tem ganhado destaque, com 70 bilhões de dólares investidos na região na última década. No entanto, muitos projetos não atendem às demandas locais e, em alguns casos, servem mais aos interesses das fundações do que às necessidades das comunidades. A Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) enfatiza a importância de alinhar essas intervenções com políticas nacionais para garantir sua sustentabilidade.
A cooperação Sur-Sur tem se mostrado uma alternativa viável, movimentando cerca de 400 milhões de dólares anuais. Essa abordagem permite maior independência econômica e aproveita experiências bem-sucedidas entre países da região. Instituições financeiras multilaterais, como a CAF e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), desempenham um papel crucial, promovendo transparência e responsabilidade.
Diante do cenário atual, a redução de fundos para a cooperação e o desenvolvimento não deve ser a solução. A crescente isolação nacionalista exige uma reavaliação das estratégias de atuação, com foco em objetivos claros e na eficiência do uso dos recursos. A integração regional e a coordenação entre os diversos atores envolvidos serão essenciais para enfrentar os desafios do novo cenário global.
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