- Damascus Dossier reúne sessenta e quatro mil documentos internos do regime sírio e trinta e três mil fotografias de presos mortos entre dois mil e quinze e dois mil e vinte e quatro, divulgados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas e pela mídia internacional, vinculados ao caso César.
- A divulgação de catorze fotos mostra o horror das prisões, com mais de dez mil vítimas identificadas, revelando um fluxo burocrático para ocultar mortes, incluindo certificados de óbito falsos.
- O coronel Muhammad, alto dirigente da polícia militar síria, extraiu o conteúdo do país e o entregou a contatos internacionais; a investigação envolve atores transnacionais.
- O material aponta que as fotos acompanham registros oficiais usados para legitimar mortes, com casos de tortura e identidades ligadas ao regime de Bashar al‑Asad, e já há mais de mil duzentos nomes identificados.
- Famílias de desaparecidos enfrentam atraso e incerteza: certificados de morte chegam, mas muitos corpos não são localizados; o colapso do regime provocou impacto emocional profundo nas comunidades.
O Damascus Dossier, conjunto de arquivos internos do regime sírio, reúne cerca de 64 mil documentos e 33 mil fotos de presos mortos entre 2015 e 2024. A divulgação, realizada pelo ICIJ e parceiros internacionais, segue o caso César e revela o que foi catalogado como uma máquina de mortes no poder de Bashar al Assad.
A publicação de 14 imagens mostra vítimas em diferentes ângulos e condições, muitas com sinais de tortura. O material foi obtido por meio de um ex-coronel da polícia militar, identificado apenas como Muhammad, que levou o conteúdo ao exterior durante o colapso do regime, há um ano. As imagens chegaram a NDR e ao Consorcio Internacional de Periodistas de Investigação, e foram compartilhadas com vários veículos, incluindo o EL PAÍS.
Contexto
O dossier amplia a contabilidade de mortes ocorridas nas prisões sírias, com mais de 10 mil vítimas identificadas nas fotos. Segundo a investigação, há um padrão de registro burocrático, com certificados de óbito e etiquetas de identificação colocadas sobre os corpos durante o processamento dos cadáveres.
Metodologia e desdobramentos
Dados indicam que corpos eram fotografados rapidamente por fotógrafos militares, catalogados e encaminhados para áreas refrigeradas ou para lajes do Hospital Harasta e do Hospital Tishreen, em Damasco. Em muitos certificados de morte, a causa era registrada como parada cardíaca, para ocultar as circunstâncias reais. A documentação também apresenta caixas fortes e a circulação de arquivos que legitimavam as mortes perante a justiça militar.
Impactos humanos
Familiares de desaparecidos relatam longas buscas por respostas e a frustração de receber apenas evidências fragmentadas. Especialistas em direitos humanos destacam o impacto emocional profundo, com muitos relatos de famílias que não sabem onde estão os corpos. As informações do Damascus Dossier fortalecem processos judiciais e investigações em curso na Alemanha.