- Estudo com quarenta migrantes mostra alto estresse, medo e exclusão causado por falhas técnicas, prazos e barreiras linguísticas no novo sistema de imigração digital do Reino Unido.
- A digitalização do status migratório começou em dois mil e dezoito e, até a metade deste ano, o governo indicou que quase todos os migrantes teriam de obter um eVisa para comprovar direitos.
- Pesquisadores apontam que erros, prazos em mudança e falhas técnicas afetam trabalho, moradia, transporte, estudo e acesso a serviços públicos; há temor de perder direitos digitais.
- Dificuldades com o “share code” (código de compartilhamento) e a falta de tradução para outras línguas aumentam vulnerabilidade, sobretudo entre quem tem baixa alfabetização digital.
- Questões de compreensão entre empregadores, órgãos de fronteira e atendentes geram atrasos e confusão, reforçando o risco de exclusão generalizada do sistema.
O Reino Unido avançou com a digitalização do status migratório, iniciada em 2018, com a expectativa de que grande parte dos migrantes precisasse de um eVisa para comprovar direitos. O objetivo é criar um sistema de identificação digital obrigatório para entradas e residências legais.
Um estudo divulgado aponta que 40 migrantes relatam alto estresse, medo e sensação de exclusão por falhas técnicas, prazos curtos e barreiras linguísticas. A pressão afeta trabalho, moradia e acesso a serviços públicos, além de gerar desconfiança no portal.
Pesquisadores destacam que erros, prazos variáveis e dificuldades técnicas dificultam a comprovação de status digital. Profissionais, proprietários e agentes de fronteira muitas vezes não compreendem os checks digitais, ampliando atrasos e confusões.
Desafios identificados
O estudo, feito pela Migrant Voice em parceria com a University of Warwick, ouviu migrantes que relatam dificuldades com a geração do código de compartilhamento e com instruções pouco claras do Home Office. Distúrbios de linguagem e alfabetização digital elevam o risco de exclusão.
De acordo com os entrevistados, ao buscar informações, muitos dependem de redes comunitárias e plataformas voltadas a migrantes. A pesquisa ressalta que quem tem menos habilidade digital ou enfrenta barreiras linguísticas fica mais vulnerável.
Derya Ozkul, da University of Warwick, afirma que há relatos de perda de oportunidades, chances perdidas de viagem e compartilhamento indevido de dados. O estudo recomenda considerar alternativas ao modelo digital-único.