- Marrocos está atualizando seu plano de autonomia para o Saara Ocidental, buscando referências, entre elas o modelo espanhol, para apresentar à ONU.
- A resolução do Conselho de Segurança, de 31 de outubro, aponta a “autonomia verdadeira” como solução política mais viável.
- O rei Mohamed VI pediu aos partidos políticos que contribuam com ideias; dirigentes foram recebidos por conselheiros reais na ausência do monarca, em viagem ao exterior.
- Mesmo com a regionalização avançada, a tomada de decisões continua fortemente centralizada no Palácio Real, com walís e caids influenciando políticas.
- Diplomatas destacam que o modelo espanhol é observado com interesse para compor um projeto autônomo viável, enquanto a ONU vê a autonomia marroquina como base para negociações, e o Polisário aceita diálogo apenas com consulta popular.
Marrakech está promovendo uma atualização do plano de autonomia para o Sáhara Ocidental, buscando referencias europeias e apoio internacional. O objetivo é apresentar uma proposta mais completa e aceitável à ONU, ainda marcada pela centralização de poder no Palácio Real.
O governo marroquino já sinalizou que pedirá contribuições dos partidos políticos para enriquecer o texto, num movimento que acompanha a pressão internacional por avanços no processo. A ausência do rei Mohamed VI em viagem privada também chamou a atenção para o ritmo das negociações.
Atualização do plano e referência internacional
Rabat convoca líderes partidários para contribuir com ideias, mirando modelos europeus, especialmente o estatuto espanhol de comunidades autónomas. A abordagem busca tornar a autonomia compatível com uma solução política reconhecida pela ONU.
A ideia é apresentar, na prática, um autogoverno com competências ampliadas, sem abrir mão do controle central sobre questões estratégicas como defesa, relações exteriores e segurança. A implementação dependerá de uma eventual aprovação constitucional e de um referendo no Sáhara.
Contexto da ONU e reboques diplomáticos
Em resolução de 31 de outubro, o Conselho de Segurança favoreceu a autonomia como opção viável para a solução do contencioso. A busca de um acordo que permita autodeterminação tem apoio de setores internacionais, ainda que persista a complexidade regional.
Especialistas lembram que, embora haja avanços diplomáticos, a governança interna marroquina permanece centralizada. A regionalização avançada não substitui a necessidade de aprovação política e participação local em decisões-chave.
Reações do Polisário e entorno regional
O Polisário não rejeita a autonomia de forma direta, mas defende consulta popular ampla envolvendo o povo do Sáhara. Argel e Rabat mantêm canais regionais de diálogo, com a ONU buscando facilitar negociações entre as partes.
Há cautela entre analistas sobre o alcance real das reformas, dados os entraves históricos e a resistência de setores que defendem a independência. A comunidade internacional segue monitorando o andamento das propostas.