- Guardiões indígenas ganham destaque em várias regiões, com mulheres liderando ações que combinam saberes tradicionais e tecnologias para proteger florestas e recursos.
- A Nação Yurok recuperou a bacia hidrográfica Blue Creek, de cerca de 19 mil hectares, investimento de US$ 60 milhões, para restaurar grande trecho de corrida de salmão.
- Conflito na República Democrática do Congo, com a organização M23, devastou terras indígenas e forçou deslocamentos de povos Batwa e Bambuti, ligada à exploração de minerais.
- O congelamento de recursos da USAID, anunciado em janeiro, impactou a conservação comunitária no vale do Lower Omo, na Etiópia, e no conjunto da Amazônia, elevando riscos à proteção ambiental.
- Debates sobre acordos de créditos de carbono em terras indígenas persiste na região amazônica e na Bolívia, com preocupações sobre consentimento, padrões legais e impactos para comunidades.
Em 2025, comunidades indígenas responderam a uma série de desafios e avanços globalmente. A pauta incluiu tensões sobre direitos territoriais, cortes de financiamento e participação em COPs, bem como iniciativas de proteção de territórios e de combate a invasões de terceiros.
Dados indicam que guardiões indígenas surgiram em várias regiões, fortalecendo a proteção de terras diante de pressões de exploração. A recuperação de áreas como Blue Creek, na Califórnia, mostrou ganhos simbólicos e práticos para a governança local das nações indígenas. Em contrapartida, conflitos na DRC provocaram deslocamentos e afetaram comunidades batwa e bambuti.
Cortes de financiamento, sobretudo pelo USAID, impactaram projetos de conservação comunitária na Etiópia e na Amazônia, elevando a vulnerabilidade de ecossistemas e de meios de subsistência locais. Além disso, debates sobre créditos de carbono em terras indígenas ganharam destaque, com impactos variáveis para as comunidades envolvidas. As tensões reforçaram a necessidade de consentimento prévio e informado.
Principais novidades de 2025
- Brasil: operações para conter garimpo ilegal em territórios Munduruku avançaram, mas ministros e organizações afirmaram que a atividade não cessou por completo e que a vigilância precisa continuar. As ações ocorreram em Munduruku e Sai-Cinza, no interior da Amazônia brasileira.
- EUA e Califórnia: a retomada de Blue Creek pela nação Yurok abriu caminho para a restauração de uma bacia hidrográfica essencial para a desova de salmões, representando o maior acordo de restauração de terras na história da Califórnia, conforme a preservação do ecossistema local.
- DRC: cidades-chave como Goma, Bukavu e Minova caíram sob controle de grupos armados, levando ao deslocamento de povos indígenas como os Batwa e os Bambuti. A exploração de minerais como ouro, cassiterita e coltan alimenta o conflito e a destruição ambiental na região.
- Etiópia: o Tama Community Conservation Area, no Lower Omo, sofreu interrupção de projetos de conservação liderados por comunidades devido a cortes de financiamento da USAID, comprometendo a proteção de espécies ameaçadas e a geração de empregos locais.
- Ecuador: guardiãs indígenas, majoritariamente mulheres, atuam na proteção da floresta amazônica contra atividades extrativistas, mantendo 40 mil hectares sob vigilância e enfrentando riscos políticos associados a propostas de privatização de áreas protegidas.
- Argentina: comunidades Atacama e Kolla expressaram preocupações sobre a exploração de lithium sem consentimento prévio em terras tradicionais, destacando a necessidade de maior transparência e proteção de recursos hídricos e avifauna local.
- Noruega: povos Sámi questionaram o despejo de resíduos da mineração em Repparfjord, teme-se dano a habitats de salmão e às rotas de migração de renas, num debate sobre o equilíbrio entre desenvolvimento e proteção ambiental.
- Filipinas: comunidades indígenas Igort enfrentaram a dispersão de tecnologias locais para ampliar o acesso à energia, com micro-hidrelétricas ligando casas e escolas em áreas remotas, reduzindo a dependência de redes nacionais.
- Indonésia: promessas do governo de reconhecer florestas indígenas e de costumes para 2029 geram ceticismo entre ativistas, que apontam que menos de 2% das florestas tradicionais já foram reconhecidas formalmente, mantendo disputas pela titularidade.
- Brasil e Bolívia: investigações sobre acordos de créditos de carbono e biodiversidade em áreas indígenas revelaram acordos controversos, com alegações de consentimento inadequado e riscos legais para as comunidades envolvidas.
- Congo: esforços de estratégização ambiental avançam com a criação de um corredor de biodiversidade de 1 milhão de hectares, conectando parques nacionais a reservas, para beneficiar comunidades locais e a vida selvagem, apesar de atrasos causados por conflito com grupos armados.
Este panorama de 2025 ilumina a continuidade de dilemas entre conservar ecossistemas, reconhecer direitos e manter autonomia de comunidades tradicionais, diante de pressões econômicas e políticas globais.(as informações são baseadas na cobertura da Mongabay e fontes associadas, sem links diretos).
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