- No COP trinta, em Belém, a participação indígena de Nepal foi reduzida, mas o país conseguiu incluir linguagem sobre ecossistemas de montanha no Global Mutirão, documento principal da edição.
- Lideranças do povo Bhote-Lhomi Singsa reabrem ação contra projeto hidrelétrico, alegando EIA falha; construção começou em dois mil e vinte e um e afeta terras, agricultura, pastoreio de yak e uso de plantas medicinais.
- Em Jhumlabang, no oeste remoto, comunidades indígenas e locais resistem à mineração de ferro sem consentimento prévio, violando direitos e potencialmente deslocando moradores e afetando rios, florestas e terras agrícolas.
- Teleférico Pathibhara, em área sagrada Yakthung (Limbu), provocou protestos após suposta falha na avaliação ambiental; mais de quarenta mil árvores teriam sido derrubadas e o Supremo determinou a paralisação da obra.
- Governo anterior concedeu prioridade nacional a seis teleféricos, incluindo em área protegida do Annapurna; críticas apontam falta de consulta comunitária e risco a biodiversidade e aos meios de subsistência.
As comunidades indígenas e locais do Nepal enfrentam pressões de projetos de infraestrutura e transição energética, que incluem hidrelétricas, teleférico e mineração, intensificaram protestos e levaram empresas a recorrer à Justiça para defender seus direitos sobre terras e florestas. Em 2025, o tema ganhou destaque com ações legais, mobilizações e análises sobre impactos ambientais e culturais.
Líderes indígenas do povo Bhote-Lhomi Singsa reabriram um processo contra um projeto hidrelétrico, apresentado em 2024. A queixa alega EIA inadequada e impactos diretos em terras de Chyamtang, Ridak e Thudam, dependentes de agricultura, pastoreio de yak e comércio de ervas medicinais. A construção segue em andamento desde 2021, com supressão de árvores além do previsto, segundo comunidades.
Em áreas de Jammu/Lungbasamba, a resistência cresce diante do que chamam de apropriação de depósitos de ferro sem o consentimento prévio, livre e informado. Indígenas e agricultores de Jhumlabang temem danos aos rios, florestas e ao ecossistema local, além de deslocamentos. A concessão prevista para extrair o minério foi autorizada pelo governo em 750 hectares.
Controvérsia em teleférico e avaliações ambientais
O projeto Pathibhara, previsto em área de floresta sagrada habitada pelo Yakthung (Limbu), gerou protestos após uma avaliação ambiental indicar ausência de espécies-chave. Comunidades estimam que mais de 40 mil árvores foram derrubadas, muito acima das estimativas oficiais, e pedem o cancelamento da obra. Em meio a confrontos com as forças de segurança, o Supremo Tribunal determinou a suspensão imediata da construção, com temores de dano à biodiversidade e ao patrimônio espiritual.
Governo, prioridade institucional e espaços de decisão
Documentos revelam que governos anteriores atribuíram status de prioridade nacional a seis teleféricos comerciais, um deles na Área de Conservação de Annapurna. A decisão foi alvo de críticas por suposta falta de consulta às comunidades e violação de decisões judiciais sobre restrições a infraestrutura em áreas protegidas, levantando questões sobre responsabilização e impactos sobre modos de vida locais.
Financiamento internacional e projetos de hidrelétricas
Conflitos envolvendo financiamentos internacionais apontam que o Tanahu Hidropower recebeu recursos de bancos de desenvolvimento, com queixas de falta de consulta comunitária, reassentamento inadequado e danos ambientais. Comunidades Magar relatam violações de direitos territoriais e de participação, citando falhas de due diligence por parte de governos e instituições financeiras.
Reflorestamento com saber local
Em contraste, iniciativas de reflorestamento que incorporaram conhecimento ecológico de comunidades locais apresentaram resultados positivos. Em seis áreas da região ocidental de Gandaki, 131 mil árvores de 44 espécies nativas foram plantadas em terras públicas, com melhoria visível na densidade de vegetação entre 2018 e 2022, segundo monitoramento por imagens de satélite.
As histórias destacadas refletem um quadro contínuo de conflitos entre desenvolvimento econômico e direitos de povos indígenas e comunidades locais no Nepal, com ações legais, protestos e avaliações técnicas moldando o curso das disputas em 2025.
Entre na conversa da comunidade