- O governo sírio criou o Comitê Supremo pela Preservação da Paz Civil e oferece anistias e ajuda econômica a alauítas, incluindo ex-militias, para ganhar apoio político e estabilidade regional.
- A atuação é marcada por processos de anistia ainda opacos e pela oferta de empregos, assistência médica e apoio financeiro a centenas de alauítas, com foco nas províncias costeiras de Latakia e Tartous.
- A iniciativa é criticada por organizações de direitos humanos, que questionam transparência, responsabilização e o papel de figuras associadas ao antigo regime.
- Mesmo com relatos de libertação de dezenas de combatentes e liberação de soldados presos, há desconfiança entre parte da comunidade alauíta, que percebe o esforço como superficial.
- O esforço visa consolidar o controle do novo governo sobre a região e manter o apoio de uma população marcada por pobreza e violência contínua desde a saída de Bashar al-Assad.
O governo sírio criou o Comité Supremo pela Preservação da Paz Civil para oferecer anistias e ajuda econômica a membros da comunidade Alawita, incluindo ex-milícias, com fiscalização considerada opaca. A medida visa reconquistar a confiança após a violência de março e o afastamento da antiga base de apoio.
O movimento ocorre em Latakia e Tartous, províncias costeiras onde a Alawita foi dominante no regime de Assad. A iniciativa é liderada por ex-líderes de milícias que participaram de lados opostos na guerra, agora reunidos para conter o descontentamento regional.
A Reuters acompanhou trabalhadores do comitê, verificando relatos de dezenas de Alawitas beneficiados e 15 antigos funcionários de segurança que passam a colaborar com o governo. O objetivo é contestar a pressão de isolacionismo com ações de alívio imediato.
O queMotiva
O esforço busca conquistar a lealdade de uma população que vive pobreza e medo, mesmo após antigas garantias de privilégios. O governo afirma que a amnistia não protege criminosos graves, mas reconhece falhas na aplicação de justiça.
Khairallah Dib, ex-participante do conflito, foi destaque: ele saiu do esconderijo para receber amnistia e financiar o próprio sustento. Dib afirma ter apenas atuado na comunicação e na intermediação para salvar forças detidas.
A comunidade descreve o comércio local, cafés e pequenas empresas surgindo com o dinheiro da iniciativa. Em Qardaha, Assad’s hometown, Dib investe o capital adquirido com o programa para planejar a família.
Críticas e Desafios
Especialistas de direitos humanos questionam a transparência do processo e a legitimidade de perdoar envolvimento em crimes, mesmo com critérios de elegibilidade. O comitê é visto como instrumento político para consolidar o poder.
Críticos apontam que a participação de figuras associadas a milícias pró-Assad pode manter padrões de violência ou privilegiar uma parte da população. Organizações de direitos humanos alertam para riscos de impunidade e desinformação.
Os críticos também destacam a desconfiança pública e o risco de desrespeito às vítimas da repressão. Véus de silêncio em torno dos critérios de amnistia alimentam a sensação de seletividade.
Impactos na Coação Regional
Parcerias entre o novo governo e comunidades locais seguem em aberto, com atos simbólicos de cooperação, mas ainda sem resolução de danos materiais, como reconstruções de casas danificadas. O avanço depende de continuidade de políticas públicas efetivas.
No final de dezembro, milhares de Alawitas protestaram por maior autonomia e soltura de detidos, mas foram dispersos por forças de segurança. Enquanto isso, julgamentos sobre a violência de março prosseguem, servindo de teste para o novo regime.
Um morador de 32 anos comentou que muitas famílias ainda enfrentam dificuldades econômicas e incertezas sobre o futuro. A reconstrução de casas segue lenta, com pouca retomada da atividade econômica local.
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