- Sri Lanka deve solicitar assistência ao Fundo de Perdas e Danos (FRLD) criado para impactos irreversíveis das mudanças climáticas, após o ciclone Ditwah que devastou o país no fim de novembro.
- O ciclone deixou pelo menos 650 mortos, cerca de 200 desaparecidos e danos generalizados em todo o país.
- Avaliação do Banco Mundial aponta danos diretos de aproximadamente US$ 4,1 bilhões, com infraestrutura, habitações e agricultura entre as áreas mais afetadas.
- O FRLD abriu a primeira chamada para pedidos, com cerca de US$ 250 milhões disponíveis, e Sri Lanka pretende enviar a candidatura o quanto antes; avaliações formais devem começar em julho de 2026 e liberção possivelmente em 2027.
- Especialistas alertam que a obtenção de recursos dependerá de atribuição clara de danos ao clima e de capacidades institucionais, além de defender uso dos recursos para reconstrução mais resiliente.
O Sri Lanka busca um aporte financeiro do recém-criado Fundo de Perdas e Danos (FRLD) para responder aos impactos do ciclone Ditwah, ocorrido em novembro. O movimento é apoiado por ativistas climáticos e por autoridades do governo, que veem o desastre como um teste à capacidade de financiamento internacional.
Hemantha Withanage, ativista ambiental e representante do Centro para a Justiça Ambiental, participa de COPs há anos defendendo compensações para nações do Sul Global. Este ano, o país se prepara para ser um dos primeiros a solicitar recursos do FRLD.
Impacto econômico direto
Um relatório do Grupo do Banco Mundial estima perdas físicas diretas em cerca de 4,1 bilhões de dólares, equivalente a 4% do PIB. Infraestrutura, estradas, pontes e redes de água respondem pela maior parte do total, seguido por residências, agricultura e setores públicos.
As autoridades dizem que o valor citado cobre apenas danos diretos; perdas em ecossistemas, patrimônio cultural e bem-estar social não estão incluídas. A soma real pode ser muito superior, segundo o governo.
Preparativos para o pedido
A ideia do FRLD foi acordada na COP27, em Sharm el-Sheikh, em 2022. Em COP30, Belém, o fundo abriu a primeira chamada de aplicações, com cerca de 250 milhões de dólares disponíveis. O objetivo é atender danos causados por eventos irreversíveis relacionados ao clima.
Especialistas destacam que a elegibilidade envolve a mensuração de quanto da perda é atribuível ao clima versus variabilidade natural. O processo exige apoio técnico de redes como a Santiago Network e instituições acadêmicas.
Desafios de acesso
Analistas ressaltam que a obtenção de financiamento depende de governança, frameworks legais e coordenação com autoridades fiscais. Parte dos recursos deveria ser destinada à reconstrução de infraestrutura com maior resiliência, para reduzir perdas futuras.
Para a implementação, Sri Lanka deverá demonstrar capacidade institucional e transparência. A avaliação formal está prevista para começar em 2026, com desembolsos possivelmente apenas em 2027. Enquanto isso, o país pode buscar apoio provisório de organismos multilaterais.
Perspectivas e críticas
Defensores da justiça climática dizem que o FRLD ainda é subfinanciado, com promessas de doação muito abaixo do necessário. Propõem mecanismos que acelerem o acesso aos recursos, com maior participação dos governos locais e menor dependência de intermediários.
O debate inclui a necessidade de reconstrução de infraestrutura de forma mais robusta, de modo a enfrentar eventos extremos com maior frequência. Instituições públicas e organizações civis seguem pressionando por escalonamento rápido do fundo.
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