Censura retoma força e preocupa sociedade em meio a debates sobre liberdade de expressão
Censura cultural em São Paulo afeta eventos literários e artísticos, restringindo discussões sobre temas sensíveis como a Palestina

Após censura a livro com beijo gay, visitantes da Bienal fazem 'beijaço' (Foto: Hermes de Paula / Agencia O Globo)
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Censura Cultural em São Paulo: Retrocesso na Liberdade de Expressão
A Prefeitura de São Paulo reinstaurou a censura cultural, cancelando eventos literários e artísticos, especialmente aqueles que discutem a questão palestina. Essa ação representa um retrocesso na liberdade de expressão, 40 anos após o fim da ditadura militar.
Recentemente, a 7ª Flipei (Feira Literária Pirata das Editoras Independentes) foi cancelada a cinco dias de seu início. O diretor Abraão Mafra afirmou que a proibição ocorreu devido ao "uso político" por parte dos organizadores. Apesar disso, a feira foi realizada em outros locais, reunindo cerca de 180 editoras e 40 encontros sobre temas como a luta pan-africanista e a resistência na Era Digital.
A presença do professor e historiador israelense Ilan Pappé na mesa de debates sobre "Genocídio sionista e resistência na Palestina" foi um dos motivos alegados para a censura. Pappé, que já enfrentou tentativas de boicote em outros eventos, criticou o governo de Benjamin Netanyahu por suas ações na Faixa de Gaza. A censura se tornou uma prática comum, especialmente em relação à questão palestina, que incomoda as autoridades paulistanas.
Interrupções em Eventos
Eventos artísticos também têm sido alvo de censura. Durante a Semana do Rock na Praça do Patriarca, a apresentação da banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo foi interrompida. A Secretaria de Cultura admitiu que o som foi reduzido após a exibição de bandeiras palestinas no palco, alegando ofensas a cláusulas contratuais.
Enquanto isso, manifestações bolsonaristas na Avenida Paulista ocorreram sem restrições, evidenciando um tratamento desigual em relação à liberdade de expressão. O atual prefeito, Ricardo Nunes, que se elegeu com apoio de figuras da extrema direita, traz à cidade práticas de censura que lembram a repressão da ditadura militar.
Censura e Educação
A censura não se limita a eventos culturais. Em várias cidades, obras literárias estão sendo banidas de escolas. Em Porto Alegre, "Diário de Anne Frank" foi considerado inadequado, enquanto "O avesso da pele", de Jeferson Tenório, foi banido em Brusque, Santa Catarina, após uma denúncia anônima. Essas ações refletem uma resistência a temas de diversidade e gênero, promovida por grupos conservadores.
A Constituição de 1988 garante a liberdade de expressão, e a censura imposta por autoridades municipais configura um crime. A situação atual em São Paulo levanta preocupações sobre o futuro da cultura e da educação no Brasil, onde a literatura e a arte sempre foram formas de resistência e reflexão política.
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