O poder dos influencers e das redes sociais como novo eixo da política brasileira
A internet se vê cada vez mais importante na forma como a população é influenciada em decisões eleitorais

Encontro de influencers no STF aproxima ainda mais as redes sociais da política - Foto: Rosinei Coutinho/STF
Ouvir a notícia:
O poder dos influencers e das redes sociais como novo eixo da política brasileira
Ouvir a notícia
O poder dos influencers e das redes sociais como novo eixo da política brasileira - O poder dos influencers e das redes sociais como novo eixo da política brasileira
Nos últimos dias 13 e 14 de Agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF) promoveu a 2° edição do seu evento “Leis e Likes – Papel do Judiciário e Influência Digital”, que tem como foco aproximar influenciadores digitais com o poder Jurídico, a fim de garantir uma boa imagem do STF para a população brasileira.
Os ministros Alexandre de Moraes, Roberto Barroso (presidente do STF) e Cármen Lúcia participaram do evento em questão, que abordou temas como liberdade de expressão, responsabilidade dos influencers na política e o combate à desinformação.
Essa ação mostra principalmente a atenção do governo às redes sociais, que têm ganhado peso no cenário político brasileiro, e também destaca o papel dos influencers na sociedade e a sua capacidade de moldar o pensamento da população.
Os influenciadores digitais ganharam cada vez mais popularidade com o avanço das redes sociais. Como o nome sugere, eles influenciam o pensamento das pessoas de forma direta ou indireta, seja por meio de seu conteúdo, visão de mundo ou parcerias pagas, que reforçam o seu papel no mundo do marketing e sua influência sobre o consumo e a opinião da população.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Opinion Box em parceria com a Influency.me mais de 80% dos internautas brasileiros seguem influenciadores digitais, que já somam mais de 2 milhões de perfis ativos no país em março de 2025
Diante disso, o cenário político brasileiro se aproxima cada vez mais dos influenciadores e das mídias digitais, que se tornaram uma das principais fontes de informação para a população.
Em uma pesquisa do DataSenado realizada em 2019, 79% dos 2.400 entrevistados afirmaram usar o WhatsApp como fonte de informação; a TV foi citada por 50% e o YouTube por 49%. Na mesma pesquisa, 45% dos entrevistados afirmaram já ter decidido seu voto com base em informações obtidas em redes sociais.
O impacto de cada influenciador digital na visão política da população brasileira se consolidou fortemente ao longo dos anos. Um exemplo dessa ligação entre redes sociais e política foram as eleições de 2022, marcadas por uma onda de desinformação disseminadas através de fake news que atingiu grande parte da população.
Junto a isso, a mobilização de conteúdos políticos gerais nas redes sociais aumentou, tanto por meio de influenciadores quanto de celebridades que, mesmo atuando fora das redes, eram cobradas por pronunciamentos em seus perfis, o que impulsionava ainda mais a discussão nesse ambiente.
Em 2018, durante a candidatura de Jair Messias Bolsonaro à presidência, as redes sociais também desempenharam um papel muito importante, principalmente na adoção de uma campanha que aproximava sua figura do eleitor por meio de memes e vídeos editados para destacar argumentos favoráveis ao candidato. Esses conteúdos, frequentemente manipulados com cortes estratégicos, transmitiam a impressão de que ele saía sempre por cima nos debates, enquanto seus adversários apareciam sem argumentos.
Pesquisas da FGV (Fundação Getúlio Vargas) mostraram que as redes sociais ajudaram a espalhar informações distorcidas, compartilhadas por políticos, páginas partidárias e usuários ligados à extrema-direita, que por sua vez, geraram um grande engajamento.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já adotou medidas para limitar a propagação excessiva e maléfica de propaganda política nas redes sociais, previstas na Resolução nº 23.610/2019, que estabelece as regras para propaganda eleitoral no Brasil.
Em 2024, a resolução foi atualizada para se adaptar às novas formas de comunicação digital. A mudança estabelece que influenciadores podem publicar propaganda eleitoral em seus perfis, mas não podem impulsionar essas publicações nem receber dinheiro, presentes ou qualquer outra vantagem de candidatos, partidos ou coligações em troca da postagem.
A ligação entre influenciadores digitais e a política brasileira fica ainda mais evidente quando se observa certas figuras políticas que inicialmente ganharam visibilidade na internet por suas ideias e articulação, e posteriormente migraram para a política com o apoio de seus seguidores.
Alguns exemplos incluem Pablo Marçal (PRTB), influenciador e empresário que alcançou uma grande visibilidade nas redes sociais ao se candidatar à prefeitura de São Paulo em 2024, e Gustavo Gayer (PL), eleito deputado federal por Goiás em 2022, onde era conhecido anteriormente como empresário e youtuber.
Outro aspecto evidente é a participação dos jovens na política. Segundo o TSE, o comparecimento médio de eleitores de 16 e 17 anos cresceu 52,3% entre 2018 e 2022. Mais de 2,1 milhões de jovens estavam aptos a votar neste ano, e, em média, 1,7 milhão compareceu às urnas.
Essa população mais jovem é ainda mais suscetível à influência digital, especialmente porque os conteúdos são apresentados nas plataformas em que mais frequentam e de uma forma que os atrai. Segundo uma estimativa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 78% dos usuários de internet entre 9 e 17 anos acessam as redes sociais.
Atualmente, o STF tem sido alvo de uma maior atenção nas redes sociais devido às decisões do ministro Alexandre de Moraes, que incluem sanções contra o ex-presidente Bolsonaro, como a decretação de sua prisão domiciliar.
Evidenciar o funcionamento do poder Jurídico assim como sua neutralidade através de influenciadores é mais um dos exemplos de como as redes sociais estão atreladas a política.
Atualmente, essas plataformas se tornaram um dos principais meios de desinformação e manipulação política no Brasil, por isso, é essencial aliá-las a práticas que beneficiem a população e combater ações antidemocráticas nelas veiculadas.
Perguntas Relacionadas
Comentários
Os comentários não representam a opinião do Portal Tela;
a responsabilidade é do autor da mensagem.