- Em julho, jovens Miccosukee e trabalhadores culturais realizaram ação comunitária em Panther Camp, próximo a Alligator Alcatraz, com distribuição de suprimentos, cuidados de saúde e criação de acervo tribal para documentar a resistência.
- A atividade ocorreu na margem da Tamiami Trail, dentro do Big Cypress National Preserve, a cerca de 57 milhas do Miami Beach Convention Center, frente ao complexo de detenção recém-instalado.
- O grupo, em parceria com Unidos Immokalee, integrou artistas, jovens organizadores e trabalhadores culturais para combinar cerimônia, performance e arquivamento para enfrentar o que chamam de novo capítulo de violência colonial.
- O Alligator Alcatraz foi inaugurado em julho pela premissa de ser a primeira prisão federal de imigração administrada por um órgão estadual, operada pela Divisão de Gestão de Emergências da Flórida em parceria com o Departamento de Segurança Interna.
- O acervo da tribo Miccosukee, criado recentemente, busca registrar histórias e ações da comunidade, com foco na soberania, ecologia e segurança, preservando relatos para o futuro e decidindo quais materiais podem ser compartilhados publicamente.
Em julho, comunidades Miccosukee e aliados realizaram uma ação comunitária em Panther Camp, junto à prisão improvisada para migrantes conhecida como Alligator Alcatraz, perto do aeroporto de treino Dade-Collier, dentro da Big Cypress. Voluntários distribuíram suprimentos, ofertaram hidratação e registraram memórias para um acervo tribal emergente.
A ação, promovida com Unidos Immokalee, contou com equipes de atendimento, segurança básica e jovens organizadores que distribuiram protetor solar, repelente e material para cartazes. O grupo reuniu-se a poucos quilômetros da fronteira com a área protegida, visível aos presentes.
Kendal Osceola, de 26 anos, integrante do departamento de arquivos da tribo, explicou que manter registros faz parte da defesa da soberania e do ecossistema local. Osceola também destacou o papel da documentação para a memória comunitária ante a construção do complexo carcerário.
Na ocasião, dançarinos com saias coloridas e tambores marcaram o ritmo, enquanto voluntários preparavam comida e montavam tendas. A mobilização também recebeu mensagens de artistas, líderes e jovens que defendem ecologia e direitos humanos na região.
O Alligator Alcatraz abriu oficialmente em 3 de julho, após anúncio de planos do governo estadual no fim de junho. A instalação é operada pela Direção de Gestão de Emergências da Flórida em cooperação com o DHS e fica no aeroporto de Big Cypress, segundo relatos oficiais.
Em agosto, juiz federal interrompeu temporariamente novas obras por causa de uma ação ambiental, determinando a suspensão até avaliação completa. No entanto, setembro trouxe uma decisão de tribunal de apelação que manteve a operação em curso, acirrando o litígio.
Para artistas e jovens indígenas, o episódio é parte de um histórico de lutas na região, conectando defesa ambiental e direitos de imigrantes. A disputa envolve jurisdições federal, estadual e tribal, aprofundando debates sobre governança no entorno das Everglades.
Pela ótica da comunidade, o acervo tribal busca preservar camadas históricas da resistência, dando voz àqueles que vivem na fronteira entre proteção ambiental e soberania. A proposta é que o arquivo sirva de base para futuras ações, sempre com participação indígena.