- Janessa Goldbeck, veterana da Marinha e CEO da Vet Voice Foundation, ajudou a preparar autoridades locais para cenários de uso de tropas em decisões de imigração após a vitória de Trump.
- Com a leitura do documento Project 2025, a organização passou a apoiar governos locais com exercícios, consultoria e treinamentos para lidar com deslocamentos de Guarda Nacional.
- Desde o início de 2025, Trump expandiu ações da Guarda Nacional em cidades como Chicago, Los Angeles, Memphis, New Orleans e Washington, DC, provocando críticas de autoridades locais.
- A Vet Voice Foundation tem atuado em litígios para frear ou atrasar esses desdobramentos, além de fornecer especialistas e orientar a comunicação pública para reduzir tensões.
- Goldbeck ressalta que a atuação de militares em funções de imigração não era o que muitos guardas esperavam; ela mantém a defesa de que a Força Armada deve permanecer apolítica e alerta para riscos à democracia.
Nos EUA, uma veterana da Marinha é citada como peça-chave na resposta a uma estratégia de enforcement migratório mais agressiva. Janessa Goldbeck, CEO da Vet Voice Foundation, ajudou a planejar cenários e treinou lideranças locais para lidar com a eventualidade de tropas em ruas para questões de imigração. O cenário ganhou contornos reais após a vitória de Donald Trump.
A Vet Voice Foundation trabalha para mobilizar veteranos e familiares de militares na defesa da democracia. Em 2023, a organização realizou exercícios com autoridades locais, jornalistas e ativistas para antever ações de um possível segundo mandato de Trump. Em 2024, o grupo passou a servir como recurso para governadores, procuradores-gerais e prefeitos.
Contexto: desde janeiro, Trump buscou ampliar o papel do governo federal em estados e cidades com políticas divergentes, incluindo o uso de tropas da guarda nacional. Em várias cidades, a presença das forças federais provocou respostas de autoridades locais e protestos. A abordagem elevou preocupações sobre a militarização de decisões administrativas.
Goldbeck afirma que a maior parte do trabalho recente envolve orientação jurídica para conter ou reduzir movimentos da guarda nacional, além de entrevistas com especialistas sobre o que esperar em termos de atuação no terreno. Também orienta a comunicação de líderes municipais para evitar agravamento de tensões.
Ela destaca que poucos membros da guarda compartilham da visão de que o trabalho é direcionado pela imigração, observando que muitos atuam em defesa de propriedades federais ou em funções ligadas a missões de segurança, sem participar de ações de imigração. A percepção pública dessa atuação, segundo a organizadora, tem variado bastante.
O tema ganhou destaque após incidentes envolvendo a guarda na capital, incluindo relatos de ações que vão desde assistência a moradores até atividades de apoio logístico em áreas públicas. Goldbeck ressalta que há risco real para profissionais treinados para outras funções, especialmente quando não recebem preparação específica para operações de imigração.
Em Washington, relatos públicos mostraram a guarda envolvida em atividades de baixo risco, gerando desconforto entre alguns membros. A líder da Vet Voice Foundation comenta que esse tipo de situação revela uma desconexão entre o que muitos veteranos entendem como serviço público e a aplicação de políticas de enforcement.
Além da atuação prática, Goldbeck aponta para impactos mais amplos, como questionamentos sobre a neutralidade institucional do aparato militar. Ela indica que há preocupação com a eventual instrumentalização das forças armadas em períodos eleitorais e com o impacto sobre a integridade profissional das instituições.
Sobre a trajetória de Goldbeck, a reportagem destaca que ela cresceu em San Diego, estudou jornalismo e relações africanas, e teve envolvimento com causas humanitárias ligadas a Darfur. Sua experiência a levou a ingressar na Marinha, onde atuou como engenheira de combate e defendeu direitos de mulheres e corpos LGBTQ+ nas forças.
Ela deixou a Marinha em 2019, citando motivos familiares e a eleição de Trump, e posteriormente passou a liderar a Vet Voice Foundation, que hoje representa cerca de 2 milhões de veteranos, familiares e apoiadores. A organização tem atuado também em defesa de acesso a serviços médicos para mulheres em estados com leis de aborto restritivas.
Goldbeck também tem participado de audiências no Senado para discutir preparação de riscos eleitorais, ressaltando que muitos veteranos carregam com eles limitações de mobilidade para votação presencial. Ela expressa preocupação com o potencial uso de militares para influenciar eleições, mantendo o tom estritamente informativo.
A reportagem não identifica novos planos oficiais de política pública, mas descreve o papel da Vet Voice Foundation como consultora e formadora de resposta a cenários de maior atuação militar em questões de imigração, destacando a necessidade de manter a profissionalização das forças e evitar instrumentalização política.
Entre na conversa da comunidade