Comando Vermelho extorque comerciantes da Favela da Gardênia Azul em R$ 10 mil mensais

O Comando Vermelho assumiu o controle da Favela da Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio, após uma violenta disputa com a milícia. Atualmente, comerciantes da comunidade enfrentam cobranças de taxas que podem chegar a R$ 10 mil mensais e são obrigados a fornecer refeições diárias aos traficantes.

Um restaurante local, por exemplo, é forçado a entregar setenta quentinhas diariamente. A Polícia Civil, embora investigue a situação, não recebeu denúncias formais de extorsão. Agentes da 32ª Delegacia de Polícia (DP), localizada em Taquara, estão apurando as ações dos grupos criminosos na região.

A Gardênia Azul, com aproximadamente 20.490 moradores, possui um comércio diversificado, incluindo lojas de roupas e mercados. A cobrança de taxas pelo tráfico impacta diretamente os moradores, que enfrentam preços elevados, como o botijão de gás, vendido entre R$ 110 e R$ 128, enquanto o preço médio na cidade é de R$ 97,43.

Proibições e Controle

O tráfico também proibiu a abertura de mais de cem quiosques construídos pela prefeitura, que foram cedidos a comerciantes que não pagavam as taxas. Embora duas pessoas tenham sido presas, a cobrança continua. Além disso, o uso de transportes por aplicativo e veículos particulares foi vetado na área.

Os responsáveis pelas cobranças são identificados como Juan Breno Malta Rodrigues, conhecido como BMW, Carlos da Costa Neves, o Gadernal, e Edgar Alves de Andrade, o Doca. Todos são procurados pela polícia e têm papéis estratégicos na facção, que busca expandir seu território.

Expansão Territorial

A Gardênia Azul é considerada um ponto estratégico para o Comando Vermelho, que planeja ações contra Rio das Pedras, reduto da milícia. A ordem para essa expansão teria sido dada por Doca, que controla os negócios da facção no Complexo da Penha. BMW, ex-miliciano, é apontado como responsável pela execução do esquema de cobranças na comunidade.

Juan Breno também é ligado a ações violentas, incluindo o assassinato do policial Anderson Gonçalves de Oliveira, ocorrido em fevereiro de 2023. O crime foi encomendado e envolveu pagamentos de R$ 50 mil. O mesmo grupo é suspeito de estar por trás de outros assassinatos, incluindo o de três médicos na Barra da Tijuca.