Polícia Federal revela trégua do Comando Vermelho durante reunião do G20 no Rio

A Polícia Federal (PF) interceptou mensagens de Arnaldo da Silva Dias, conhecido como Naldinho, líder do Comando Vermelho, que revelam a movimentação financeira da facção. Em fevereiro de 2024, o grupo possuía R$ 13,8 milhões em caixa, destinados a pagar advogados e adquirir armas.

As mensagens, obtidas pela PF, mostram que Naldinho, preso na Penitenciária Gabriel Ferreira Castilho (Bangu 3), ordenou uma trégua de sete dias em virtude da reunião do G20 no Rio de Janeiro. Ele afirmou que um representante das autoridades solicitou a pausa para evitar conflitos durante o evento. A PF não conseguiu identificar a autoridade mencionada.

Naldinho, que integra o Conselho Permanente do Comando Vermelho, utilizou as mensagens para comunicar decisões da facção e arbitrar disputas entre membros. Em um comunicado, ele destacou que a facção não toleraria mais desculpas para roubos, reforçando a proibição de atividades criminosas durante o período de trégua.

Detalhes Financeiros

As planilhas encontradas pela PF detalham as entradas e saídas do caixa do Comando Vermelho. Entre os gastos, estão R$ 55 mil com advogados e R$ 39 mil com maconha. O dinheiro provém principalmente da venda de drogas e de repasses de líderes locais em favelas.

Além disso, Naldinho organizou rifas internas, incluindo prêmios como fuzis, e discutiu alianças com outras facções, como a Amigos dos Amigos, com quem o Comando Vermelho havia estado em conflito por mais de 20 anos. A nova aliança foi formalizada em mensagens que estabeleciam regras de convivência entre os grupos.

A PF também investiga indícios de que Naldinho planejou uma fuga em massa de presos do Complexo de Gericinó. Em resposta às atividades da facção, a Justiça já recebeu pedidos para transferir Naldinho para um presídio federal, mas ainda não há decisão sobre o caso.