Política

Tancredo Neves é eleito indiretamente e marca o fim da ditadura no Brasil

A eleição de Tancredo Neves em 1985 encerrou a ditadura militar, mas foi indireta. A frustração popular persistiu pela não aprovação das Diretas Já, que buscavam eleições diretas. Estruturas de poder militar permaneceram intactas, garantindo privilégios aos militares. A transição foi gradual, com o governo Sarney mantendo laços com o regime anterior. A Constituição de 1988 trouxe avanços, mas a repressão e o controle militar continuaram.

Tancredo Neves, candidato dos defensores das diretas, após ser declarada a vitória sobre Paulo Maluf no Colégio Eleitoral. Atrás, à direita, o neto Aécio Neves. (Foto: Arquivo/ABr)

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Em 15 de janeiro de 1985, o Brasil elegeu, de forma indireta, Tancredo Neves como presidente, encerrando um ciclo de cinco governos militares e marcando o fim da ditadura instaurada em 1964. A escolha, feita por um colégio eleitoral, ocorreu em um contexto de frustração, pois a proposta das Diretas Já havia sido rejeitada pelo Congresso meses antes. Tancredo obteve 480 dos 686 votos, derrotando Paulo Maluf, mas não chegou a assumir, falecendo uma semana após a posse, em 21 de abril.

O governo de Tancredo Neves é visto como uma transição entre autoritarismo e democracia, que só se consolidaria com a Constituição de 1988. O historiador Rodrigo Patto Sá Motta destaca que, apesar de ser um marco ter um civil no poder, havia um sentimento de decepção pela forma como a eleição ocorreu. A escolha indireta foi considerada um "mal menor", evitando que Maluf assumisse a presidência, mas não alterou as estruturas da ditadura.

Os militares mantiveram privilégios durante a transição, com a eleição indireta permitindo que continuassem influentes. O historiador Daniel Aarão dos Reis afirma que a Constituição de 1988, apesar de avanços, preservou aspectos repressivos da era militar. A transição foi marcada por acordos que garantiram a impunidade dos crimes militares, e o Serviço Nacional de Informações permaneceu ativo até 1990.

A transição foi caracterizada como "de cima para baixo", com pouca participação popular, segundo o cientista político Paulo Niccoli Ramirez. A eleição de Tancredo e o governo Sarney evitaram um colapso social, mas também dificultaram a aceleração de reformas. A aprovação da Constituição de 1988 é vista como o marco final da transição, embora o período entre 1979 e 1988 tenha sido uma fase peculiar, onde a ditadura havia terminado, mas a democracia ainda não estava plenamente estabelecida.

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