28 de fev 2025
Garimpo ilegal cresce 1.200% na Amazônia e supera mineração industrial em quatro anos
O garimpo ilegal no Brasil cresceu 1.200% entre 2019 e 2022, superando a mineração industrial. A Amazônia abriga 91% das áreas afetadas pelo garimpo ilegal, impactando comunidades indígenas. O estudo utilizou imagens de satélite da Nasa para mapear a expansão da atividade ilegal. Em 2025, será lançado um projeto de monitoramento diário do garimpo em parceria com a MapBiomas. A pesquisa destaca a necessidade de melhorar a fiscalização e repensar a exploração na Amazônia.
Áreas de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami vistas em sobrevoo ao longo do rio Mucajaí em Roraima (Foto: Fernando Frazão - 10/02/2023/Agência Brasil)
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O garimpo ilegal no Brasil cresceu 1.200% entre 2019 e 2022, superando a mineração industrial, que aumentou apenas cinco vezes no mesmo período. Essa conclusão é de um estudo publicado na revista Nature, que analisou imagens de satélite da Nasa. A pesquisa revelou que 91% da área afetada pelo garimpo ilegal está na Amazônia, onde a atividade garimpeira já ultrapassava a mineração industrial, mas sem um mapeamento claro até agora.
Os dados mostram que, em 1985, a mineração industrial ocupava cerca de 360 quilômetros quadrados, enquanto o garimpo cobria 218 quilômetros quadrados. Em 2022, a mineração industrial alcançou 1.800 quilômetros quadrados, enquanto o garimpo atingiu 2.627 quilômetros quadrados. O estudo também indicou que 62% das áreas com até cinco anos de atividade ilegal estão em terras indígenas, que deveriam ser protegidas por lei. Os povos kayapó, munduruku e yanomami são os mais afetados, enfrentando contaminação e problemas sociais.
O geógrafo Arlesson Souza destacou que o garimpo ilegal está associado a uma série de problemas, como prostituição e trabalho análogo à escravidão. A Agência Nacional de Mineração (ANM) afirmou que não aprova permissões de lavra em terras indígenas ou unidades de conservação. A pesquisa utilizou a plataforma Google Earth Engine e imagens do programa Landsat, cruzando dados sobre lavras, terras indígenas e unidades de conservação para identificar áreas de atividade ilegal.
Os pesquisadores notaram diferenças entre a mineração ilegal e a industrial, sendo a primeira responsável por destruição ambiental significativa, enquanto a segunda, apesar de seus impactos, demonstra preocupação com a preservação. Luiz Ferreira Neto, coautor do estudo, enfatizou a necessidade de melhorar a fiscalização da mineração e a importância de discutir a realidade da Amazônia, não apenas como fonte de recursos, mas também em relação às condições de vida da população local. Em 2025, os pesquisadores planejam lançar um projeto de monitoramento diário do garimpo no Brasil, utilizando a metodologia desenvolvida no estudo.
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