Racismo e crise ambiental: Malcom Ferdinand critica a branquitude no ambientalismo

Malcom Ferdinand, escritor martinicano e autor de “Uma ecologia decolonial”, argumenta que a crise ambiental está intimamente ligada ao racismo, uma conexão frequentemente negligenciada pelo movimento ambientalista. Em entrevista ao Nexo, ele destaca que o ambientalismo é predominantemente influenciado por uma perspectiva branca, questionando quem realmente participa das discussões sobre políticas e ciências ambientais. Ferdinand, que possui doutorado em filosofia política e ciência política pela Université Paris Diderot, critica conceitos universais como o antropoceno, sugerindo que a crise climática deve ser analisada sob diferentes visões de mundo.

O autor ressalta que o legado da colonização ainda persiste, afetando as comunidades marginalizadas que enfrentam as consequências mais severas da degradação ambiental. Ele propõe uma reflexão sobre como as estruturas de poder e as desigualdades sociais influenciam a maneira como a crise ecológica é vivenciada e abordada. Ferdinand enfatiza que é crucial reconhecer essas interconexões para desenvolver soluções mais inclusivas e eficazes.

Durante a entrevista, ele também discutiu as propostas para enfrentar a crise, sugerindo que uma abordagem decolonial pode oferecer novas perspectivas e alternativas. Ferdinand acredita que é necessário repensar as narrativas dominantes e incluir vozes diversas nas discussões sobre o meio ambiente. Essa inclusão é vista como um passo essencial para a construção de um futuro mais sustentável e justo.

Por fim, Ferdinand conclui que a luta contra o racismo e a crise ambiental deve ser encarada como uma questão interligada, onde a transformação social e ambiental caminha lado a lado. Ele defende que, ao abordar essas questões de forma integrada, é possível criar um movimento ambientalista mais robusto e representativo, capaz de enfrentar os desafios contemporâneos de maneira eficaz.