Trump propõe acordo com Ucrânia para exploração de terras raras em troca de ajuda

Após a suspensão dos programas de ajuda humanitária dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump manifestou interesse em negociar um acordo com a Ucrânia para garantir a exploração de materiais raros presentes em seu solo. Esses recursos, essenciais para a indústria eletrônica, incluem ferro, manganês, urânio, titânio, lítio e carvão, entre outros, totalizando cerca de uma centena de materiais. O ministério da Economia da Ucrânia estima que o país possui uma das maiores reservas europeias, avaliadas em trilhões de dólares, com mais de 70% concentradas nas regiões de Dnipropetrovsk, Donetsk e Luhansk, áreas afetadas por conflitos.

A exploração desses recursos é vital para a economia ucraniana, representando cerca de metade do Produto Interno Bruto (PIB) e dois terços das exportações do país. A presença de militares e a continuidade das operações mineradoras em meio aos combates refletem o alto interesse econômico em manter a atividade nas minas. Para os Estados Unidos, a exploração na Ucrânia poderia reduzir a dependência do mercado chinês, que atualmente fornece 80% dos materiais raros utilizados na indústria americana, um fator também relevante para os países europeus.

A Ucrânia, segundo a mídia local, estaria disposta a permitir a exploração de seus recursos, desde que garantias sejam dadas para que essas terras não caiam sob controle russo. Desde 2014, o governo ucraniano tem colaborado com aliados ocidentais para assegurar o fornecimento de matérias-primas, como o titânio, crucial para a defesa. Os elementos de terras raras, compostos por 17 matérias-primas, são essenciais em diversas indústrias, incluindo eletrônicos e energia renovável, e sua demanda deve crescer significativamente para atender às metas de neutralidade de carbono da União Europeia até 2050.

A China, que detém mais de um terço das reservas globais de terras raras, tem se consolidado como líder nesse setor devido a investimentos em refino e patentes. As tensões geopolíticas entre a China e o Ocidente, somadas a eventos históricos como o corte de fornecimento ao Japão em 2010, ressaltam a urgência de diversificação nas fontes de abastecimento. A situação atual evidencia a necessidade de Bruxelas e Washington em garantir um fornecimento estável e seguro desses materiais estratégicos, especialmente em um cenário de crescente competição global.