Governador Valadares se destaca como principal polo de migração para os EUA

Governador Valadares, localizada no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, é uma das cidades brasileiras com maior fluxo migratório, especialmente para os Estados Unidos. Com aproximadamente 257 mil habitantes, a cidade se tornou um polo migratório devido à estagnação econômica e à formação de redes sociais entre migrantes. Atualmente, cerca de 1,9 milhão de brasileiros residem nos EUA, segundo o Ministério das Relações Exteriores. O endurecimento da política de deportação do presidente Donald Trump impactou a vida de muitos brasileiros que vivem no país como imigrantes ilegais.

A balconista Ana Maria Pessoa, de 65 anos, celebra a aprovação de seu visto americano para visitar os filhos, que deixaram Valadares em busca de melhores condições. Ela relata que a emigração foi uma saída para escapar da pobreza e da violência. Especialistas, como Stéfano Couri, da Associação Brasileira de Agências de Viagens, destacam que muitos migrantes são trabalhadores que buscam sustento para suas famílias, contribuindo para o desenvolvimento local. O fluxo de remessas de dinheiro, especialmente nas décadas de 1980 e 1990, ajudou a economia da cidade, que ganhou o apelido de "Valadólares".

Historicamente, a cidade teve seu primeiro contato com a moeda estrangeira na década de 1940, quando trabalhadores norte-americanos chegaram para explorar minas de ferro. A convivência com esses estrangeiros levou à formação de comunidades de mineiros nos EUA, com os primeiros migrantes partindo em 1964. A pesquisadora Sueli Siqueira aponta que cada migrante levou, em média, 20 pessoas para os EUA, aumentando o fluxo de dólares na cidade. Contudo, a realidade mudou com o endurecimento das políticas de imigração a partir de 2019, gerando medo entre os brasileiros que vivem nos EUA.

Rosângela Silva, que vive em Massachusetts, relata o clima de terror entre os brasileiros devido ao aumento das deportações. Ela e sua família, que deixaram Valadares, enfrentam desafios diários para evitar a detecção por agentes de imigração. A irmã de Rosângela, Dona Tereza, expressa preocupação com a situação da família, que não possui recursos para retornar ao Brasil. Desde que Trump assumiu a presidência, diversas ordens foram implementadas para combater a imigração ilegal, incluindo a meta de detenções de 1,5 mil imigrantes por dia. A pesquisadora Sueli Siqueira acredita que, apesar das dificuldades, o fluxo migratório não cessou.