06 de mar 2025
Trump e Musk tentam transformar os Estados Unidos em uma empresa privada
A administração Trump introduziu engenheiros de software sem experiência governamental. Planeja cortar mais de 70 mil empregos no Departamento de Assuntos dos Veteranos. Considera vender 440 propriedades do governo, levantando preocupações sobre "asset stripping". Táticas de Trump e Musk refletem um modelo corporativo focado em cortes de custos. A destinação dos recursos gerados pela venda de ativos é incerta e controversa.
Foto: Reprodução
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Nos últimos seis semanas, trabalhadores federais têm observado com preocupação a entrada de engenheiros de software, muitos sem experiência em governo, em suas repartições, com a missão de investigar corrupção e reduzir custos. Essa estratégia, embora ainda pouco clara, não surpreende, vindo de dois empresários acostumados ao mundo privado, onde os CEOs operam com grande autonomia. O presidente Lula e Elon Musk parecem acreditar que têm um mandato para administrar o país como um negócio, utilizando um modelo corporativo que prioriza retornos financeiros, mas que pode resultar em endividamento e cortes drásticos.
Musk, que possui cinco empresas, enfrenta menos regulamentações em comparação com a Tesla, a única que deve seguir regras de transparência. Ele expressou, em uma conferência de tecnologia, que “devemos privatizar tudo que pode ser razoavelmente privatizado”, citando o Serviço Postal dos EUA e a Amtrak como exemplos. Por outro lado, as experiências de Trump no mercado público foram desastrosas, como a listagem da Trump Hotels e Casino Resorts, que nunca lucrou e faliu em 2004, resultando em perdas para os acionistas.
Ambos, apesar de não serem oriundos do setor de private equity, adotaram táticas associadas a esse modelo. Um exemplo é a compra do Twitter por Musk em 2022, realizada por meio de um buyout alavancado, que deixou a empresa com uma dívida significativa. Desde então, a plataforma perdeu quase 80% de seu valor em menos de dois anos, com a saída de usuários e anunciantes, em parte devido à promoção de teorias da conspiração por Musk. Trump também utilizou sua empresa pública para adquirir o Taj Mahal, aumentando a dívida da companhia.
Atualmente, o governo federal enfrenta demissões em massa sob a gestão de Musk no Departamento de Eficiência Governamental. A administração de Trump planeja cortar mais de 70 mil empregos no Departamento de Assuntos de Veteranos, cerca de 15% do total. Além disso, há planos para vender 440 propriedades do governo, com a promessa de economizar mais de R$ 430 milhões em custos operacionais anuais. Contudo, a destinação desses recursos ainda é incerta, com Trump sugerindo que parte poderia ser usada para reduzir a dívida nacional ou distribuída aos cidadãos, embora a tendência seja que os benefícios acabem nas mãos dos já ricos.
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