10 de mar 2025
Divisão entre pastores brasileiros nos EUA: apoio a Trump e medo entre fiéis
A comunidade brasileira evangélica nos EUA enfrenta incertezas com Trump. Igrejas adotam advogados de imigração para ajudar fiéis com medo de deportação. Pastores relatam queda na frequência de fiéis devido ao clima de pânico. Apoio a Trump persiste, apesar das políticas de deportação afetarem imigrantes. Debate interno sobre imigração revela tensões entre legalidade e compaixão cristã.
Pastor Paulo Tenório fundou igreja em Massachusetts. (Foto: Arquivo pessoal via BBC)
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No culto realizado em 16 de fevereiro na The Growing Church, em Massachusetts, o pastor Paulo Tenório abordou o tema "o medo que leva ao esconderijo", citando a Bíblia e enfatizando a importância de "seguir firme" em tempos de incerteza. Ele destacou que Massachusetts e Flórida concentram a maior parte da comunidade brasileira nos Estados Unidos, que soma cerca de dois milhões de pessoas. O discurso de Donald Trump sobre imigração, que inclui a deportação de imigrantes, gerou preocupação entre os brasileiros, especialmente os evangélicos, com aproximadamente 230 mil brasileiros em situação irregular, segundo o Pew Research Center.
Desde a posse de Trump, operações de imigração se intensificaram, gerando pânico entre os imigrantes. Pastores na Flórida e Massachusetts relataram uma queda na frequência dos fiéis em suas igrejas. A Igreja Presbiteriana CTK United, por exemplo, agora conta com um advogado de imigração para ajudar os membros, enquanto a Waves of Revival, liderada por Júnior Ramos, viu uma redução de 30% na presença de fiéis. Ramos também mencionou que algumas famílias assinaram documentos para garantir a guarda de seus filhos em caso de deportação.
Apesar do medo, muitos pastores apoiam as políticas de Trump, considerando-as necessárias. O pastor Leidmar Lopes, da Alliance Church, afirmou que as leis devem ser cumpridas e que a invasão de igrejas por agentes de imigração só ocorreria em casos extremos. A comunidade evangélica, embora apreensiva, não se opõe abertamente ao governo, com muitos acreditando que as deportações visam apenas criminosos. No entanto, a situação de imigrantes sem histórico criminal, como o cantor gospel Lucas Amaral, levanta preocupações sobre o que tem sido chamado de "dano colateral".
A pesquisa eleitoral indica que o apoio a Trump entre evangélicos brancos é elevado, mas a situação pode mudar se as operações de deportação se intensificarem. Pastores como Pedro Lino e André Valadão expressaram preocupações sobre a possibilidade de deportações de imigrantes trabalhadores. A pesquisadora Thaysy Lopes observa que a maioria dos fiéis tende a permanecer em silêncio sobre a política de imigração, mas a percepção de que as políticas de Trump não os afetarão é comum. A dinâmica entre apoio e medo continua a moldar a experiência dos evangélicos brasileiros nos Estados Unidos, refletindo um dilema complexo em tempos de incerteza política.
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