21 de abr 2025
Belém se prepara para a COP 30, mas enfrenta desafios de infraestrutura e desigualdade urbana
Belém se prepara para a COP 30, mas críticas apontam que as obras priorizam interesses empresariais em vez de atender às necessidades da população.
O governador Helder Barbalho aparece visitando o novo Viaduto Independência, que faz parte do conjunto de intervenções urbanas para a COP. A estratégia de obras pensadas para melhorar o fluxo de carros pode estar sendo contraditória com a agenda global para reduzir os impactos das mudanças climáticas. (Foto: Divulgação/Governo do Pará)
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Belém e a COP 30: Críticas à Desconexão entre Obras e Necessidades da População
Belém, capital do Pará, foi escolhida para sediar a Conferência do Clima (COP 30) em 2025. A decisão gerou expectativas sobre investimentos em infraestrutura, mas também críticas sobre a priorização de interesses econômicos em detrimento das demandas sociais. A cidade enfrenta problemas como coleta de lixo, saneamento básico e desigualdade socioespacial.
Desigualdade e Problemas Urbanos
Com 1.303.403 habitantes, Belém apresenta alta desigualdade, com mais da metade da população vivendo em favelas ou comunidades urbanas. A cidade, conhecida como “cidade das mangueiras”, possui baixo índice de arborização e registrou aumento de quase 2 graus Celsius na temperatura nos últimos 50 anos.
Obras e a Falta de Debate Democrático
Desde o anúncio da COP 30, houve uma mobilização de recursos públicos para obras de infraestrutura. A definição dessas obras, no entanto, ocorreu sem ampla deliberação democrática, contrariando diretrizes do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001). O governador Helder Barbalho ganhou destaque no processo, com recursos estaduais e federais destinados às obras.
“City Marketing” e “Greenwashing”
As obras em andamento são vistas como um exemplo de “City Marketing”, visando atrair turistas e valorizar imóveis, em detrimento de soluções para a desigualdade. Especialistas apontam para a prática de “greenwashing”, ou seja, a promoção de uma imagem ambientalmente sustentável que não corresponde à realidade.
Impactos Ambientais e a Supressão Vegetal
A duplicação da Rua da Marinha e a construção da Avenida Liberdade são exemplos de obras que, segundo críticos, estimulam o uso de veículos particulares e ignoram a agenda climática global. Os projetos preveem a remoção de árvores, perda de biodiversidade e o impacto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs), como a que protege o manancial da comunidade quilombola Abacatal.
Parques Lineares e a Exclusão Social
Os parques lineares Nova Doca e da Avenida Tamandaré, construídos em bairros de alto padrão, são criticados por não atenderem às necessidades das áreas mais vulnerabilizadas da cidade. As intervenções são consideradas mais um exemplo de “urban marketing” do que uma solução para os problemas urbanos.
COP 30: Expectativas e Contradições
A realização da COP 30 em Belém levanta questionamentos sobre a efetividade das negociações climáticas e o financiamento de ações para os países mais afetados pelas mudanças climáticas. A cidade, palco do evento, demonstra a contradição entre o discurso ambiental e as práticas governamentais.
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