11 de mai 2025
Douglas Barros analisa o identitarismo como imposição do Estado neoliberal
Identitarismo é imposto pelo neoliberalismo, segundo Douglas Barros. Ascensão da extrema direita explora conflitos sociais e ressentimentos.
O psicanalista Douglas Barros, autor de "O que é identitarismo?", livro lançado em 2024 pela editora Boitempo (Foto: Mateus Rodrigues/Divulgação)
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Em seu livro "O Que É Identitarismo?", lançado em 2024 pela editora Boitempo, o psicanalista Douglas Barros analisa o identitarismo como uma imposição do Estado neoliberal. Ele argumenta que as políticas públicas voltadas para minorias visam gerenciar identidades fixas, evitando conflitos sociais que poderiam ameaçar o sistema.
Barros destaca que a solidificação dessas identidades pode gerar ressentimentos, especialmente com a ascensão de líderes de extrema direita como Donald Trump, Jair Bolsonaro e Viktor Orbán. Esses líderes exploram a ideia de que grupos minoritários estão "furando a fila" ao acessar mais direitos. Para Barros, a extrema direita, embora critique o identitarismo, é em si ultraidentitária, defendendo valores que beneficiam um grupo restrito.
O autor explica que o neoliberalismo, ao flexibilizar o trabalho e promover a competição, substituiu a solidariedade por uma meritocracia que acentua desigualdades. Essa mudança resultou na criação de identidades fixas que, ao invés de promover inclusão, geram exclusão e conflitos. A internet, segundo Barros, também desempenhou um papel crucial na formação de identidades, levando a uma busca por pertencimento que muitas vezes se torna radical.
A Identidade e o Conflito Social
Barros observa que a busca por identidade se intensifica, com indivíduos reivindicando até mesmo laudos médicos como parte de sua identidade. Essa dinâmica cria um ambiente de competição e exclusão, onde a afirmação de uma identidade nega a do outro. Ele aponta que a direita radical, ao promover uma ideia de universalidade, na verdade, defende uma exclusividade para grupos brancos e patriarcais.
O autor critica a forma como partidos políticos tratam candidatos de minorias, transformando-os em produtos de prateleira. Ele argumenta que a extrema direita impõe um conflito que força os limites da institucionalidade, enquanto a esquerda se rende a essa lógica. Barros sugere que a política deve ser vista como um campo de conflito de ideias, não apenas como uma disputa de identidades.
O Futuro do Identitarismo
Barros expressa pessimismo em relação a saídas imediatas do identitarismo, associando o fracasso do neoliberalismo ao recrudescimento do fascismo. No entanto, ele vê esperança na desmistificação da visão neoliberal, ressaltando que a vida não deve se resumir ao trabalho. Ele conclui que é fundamental retomar a política como um espaço de diálogo e conflito de ideias, priorizando as necessidades das pessoas comuns.
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