23 de mai 2025
Protestos globais da década de 2010 revelam crise de representação e retrocessos políticos
Movimentos globais de protesto entre 2011 e 2015, como a Primavera Árabe, resultaram em retrocessos políticos, revela Vincent Bevins.
El escritor Vincent Bevins, em sua casa em Londres (Foto: Juan Trujillo Andrades)
Ouvir a notícia:
Protestos globais da década de 2010 revelam crise de representação e retrocessos políticos
Ouvir a notícia
Protestos globais da década de 2010 revelam crise de representação e retrocessos políticos - Protestos globais da década de 2010 revelam crise de representação e retrocessos políticos
Entre 2011 e 2015, diversas manifestações globais, como a Primavera Árabe e o 15-M na Espanha, marcaram um período de descontentamento com as elites políticas. O autor Vincent Bevins, em seu livro Se ardemos: A década das protestas massivas e a revolução que não foi, analisa como essas revoltas, embora inicialmente promissoras, resultaram em retrocessos políticos e sociais.
Bevins destaca que, durante esse período, milhões de pessoas se mobilizaram em busca de mudanças, como a queda do ditador egípcio Hosni Mubarak. No entanto, muitos desses movimentos não conseguiram estabelecer uma nova ordem política. Em vez disso, surgiram regimes ainda mais repressivos, como o de Abdel Fatah al Sisi no Egito. No Brasil, as manifestações de 2013 contra o governo social-democrata culminaram na ascensão da ultradireita, levando a um cenário político deteriorado.
O autor observa que as manifestações foram, em sua essência, reativas, expressando um profundo descontentamento com a falta de representação. Apesar da mobilização massiva, as oportunidades criadas pelas revoltas não foram aproveitadas. Em muitos casos, a ausência de um plano claro para a transição de poder resultou em um vácuo que foi rapidamente preenchido por forças já estabelecidas ou por intervenções externas.
Fragilidade das Conquistas Democráticas
Bevins argumenta que a década de 2010 foi marcada por uma crise de legitimidade das elites governamentais. As pessoas se sentiram cada vez mais desconectadas de seus representantes, levando a um aumento da desconfiança nas instituições. O autor menciona que, em muitos casos, as elites perceberam que poderiam agir sem consequências, o que resultou em uma erosão da democracia.
As redes sociais, que inicialmente foram vistas como ferramentas de mobilização, também desempenharam um papel ambíguo. Embora tenham facilitado a organização de protestos, a desinformação e a manipulação de narrativas se tornaram comuns, dificultando a compreensão dos eventos por parte do público.
O Legado das Manifestações
O legado dessas manifestações é complexo. Embora tenham gerado um momento de esperança, muitas resultaram em cenários políticos ainda mais sombrios. A resistência popular não conseguiu se traduzir em mudanças duradouras, e a sensação de frustração persiste. A análise de Bevins serve como um alerta sobre a fragilidade das conquistas democráticas e a necessidade de um engajamento político mais estruturado e consciente.
Perguntas Relacionadas
Comentários
Os comentários não representam a opinião do Portal Tela;
a responsabilidade é do autor da mensagem.