29 de mai 2025
Indústria ameaça arte rupestre milenar com expansão de planta de gás na Austrália
Ministro do Meio Ambiente propõe extensão do Karratha Gas Plant até 2070, gerando protestos de ambientalistas e nações do Pacífico.
Foto: Reprodução
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A arte rupestre da península de Murujuga, na Austrália Ocidental, enfrenta sérios riscos devido à poluição industrial do Karratha Gas Plant, operado pela Woodside. O Ministro do Meio Ambiente, Murray Watt, propôs a extensão da operação da planta até 2070, gerando forte oposição de grupos ambientais e nações do Pacífico.
A arte, que inclui as mais antigas representações conhecidas do rosto humano, é considerada de valor excepcional. Estudos científicos indicam que a poluição do gás está causando danos irreversíveis às rochas. Watt anunciou a aprovação proposta, com "condições rigorosas" relacionadas à qualidade do ar, e a Woodside tem dez dias para responder antes da decisão final.
Grupos de defesa do meio ambiente criticaram a proposta, afirmando que permitirá a exploração de dezenas de poços de gás, resultando em bilhões de toneladas de emissões de carbono. O ministro de Mudanças Climáticas de Tuvalu, Maina Talia, pediu que o governo australiano rejeite a proposta, destacando que a expansão de combustíveis fósseis compromete o futuro das nações do Pacífico.
Impacto Cultural e Ambiental
Os habitantes originais da região, representados por Raelene Cooper e Josie Alec, lutam para preservar seu patrimônio cultural. Benjamin Smith, presidente do Comitê Científico Internacional de Arte Rupestre, classificou a decisão como "talvez a mais importante da nossa vida". Ele alertou que a extensão da planta representa uma "bomba de carbono" e que as emissões estão formando chuva ácida que danifica as rochas.
A proposta de extensão também pode afetar a candidatura da área a Patrimônio Mundial, já que um corpo consultivo recomendou que a aplicação fosse devolvida ao governo para garantir a remoção total das emissões ácidas. Watt considerou a decisão do comitê decepcionante, mas afirmou que sua equipe trabalharia para corrigir as "imprecisões factuais".
Desafios Futuros
A Woodside defende a coexistência entre a indústria e o patrimônio cultural, negando que suas emissões estejam danificando a arte rupestre. A empresa também está atenta ao projeto Browse, que envolve a exploração de gás na costa ocidental da Austrália, e que foi rejeitado anteriormente devido a riscos inaceitáveis.
Críticos alertam que a aprovação da extensão do Karratha Gas Plant pode levar a um desastre ambiental ainda maior. A exploração do Scott Reef, um ecossistema marinho vital, está em pauta, e ativistas temem que a perfuração comprometa a vida marinha, incluindo espécies ameaçadas.
A situação é complexa, com a demanda por gás natural liquefeito (GNL) na Ásia em debate. Especialistas questionam se a Woodside tem capacidade para desenvolver simultaneamente dois grandes projetos de GNL, considerando os desafios financeiros e técnicos envolvidos. A luta pela preservação do patrimônio cultural e ambiental da região continua.
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