Mensalão completa 20 anos e ainda é tabu no PT, que se sente injustiçado

O escândalo do mensalão, que ocorreu durante o primeiro governo do Partido dos Trabalhadores (PT), completa 20 anos e ainda gera reflexões entre seus membros. O esquema, que envolveu pagamentos a parlamentares para garantir apoio político, resultou em condenações de figuras proeminentes do partido em 2012.

Recentemente, petistas têm expressado um sentimento de injustiça em relação ao caso, evitando discutir abertamente o tema. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros membros do partido defendem os condenados, mas o assunto permanece como um tabu dentro da sigla. A série de reportagens da Folha de S.Paulo revisita os desdobramentos do mensalão, que abalou a política brasileira e impactou o Judiciário.

O mensalão foi desencadeado por declarações do então deputado Roberto Jefferson, do PTB, que, em junho de 2005, revelou a existência de um esquema de pagamento a deputados. A crise resultou na demissão de José Dirceu, então ministro da Casa Civil, e na reconfiguração do governo Lula. O escândalo culminou em um julgamento histórico no Supremo Tribunal Federal (STF), onde 24 réus foram condenados.

A percepção interna do PT sobre o mensalão mudou após as condenações, com críticas à atuação do relator Joaquim Barbosa. Petistas argumentam que o caso foi utilizado para deslegitimar o partido e seu projeto político. José Dirceu, em nota, afirmou que foi transformado em "bandido" sem provas concretas.

Atualmente, alguns dos envolvidos no mensalão, como Dirceu e Delúbio Soares, já preparam candidaturas para as eleições de 2026. Apesar da defesa dos condenados, o tema ainda gera constrangimento entre os membros do partido, que evitam o uso da palavra "mensalão". O PT, ao ser procurado para um posicionamento, não se manifestou, evidenciando a fragilidade do assunto após duas décadas.