Governo Lula busca proteger exportações com limites para tarifas no Mercosul

O governo Lula deve apresentar restrições à ampliação da Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec) do Mercosul. A medida visa evitar reduções bruscas de tarifas que possam prejudicar a indústria brasileira. Em abril de 2023, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai concordaram em flexibilizar as regras do bloco, permitindo a inclusão de 50 novos códigos de produtos na Letec.

A proposta de ampliação da Letec foi uma resposta às tarifas de importação impostas pelo governo Trump, que afetaram os países do Mercosul. A intenção é que os membros do bloco tenham mais liberdade para negociar tarifas durante as tratativas com os EUA. No entanto, o governo brasileiro teme que cortes excessivos em tarifas possam impactar setores estratégicos da indústria nacional.

Para evitar prejuízos, a proposta brasileira deve incluir um mecanismo de veto, permitindo que qualquer país do Mercosul bloqueie reduções tarifárias baseadas na Letec. Além disso, o Brasil busca garantir que os cortes não sejam concentrados em um único setor, diluindo assim os impactos negativos.

As divergências entre Brasil e Argentina são evidentes. Enquanto o governo Lula defende uma abordagem cautelosa, a Argentina, sob a liderança de Javier Milei, busca autonomia total para aplicar suas reduções tarifárias. A proposta argentina é apoiada por Uruguai e Paraguai, que desejam uma maior liberdade nas negociações.

Técnicos dos quatro países devem se reunir em Buenos Aires para discutir as propostas. A ampliação da Letec é crucial para a Argentina, que busca estreitar laços comerciais com os EUA. O Brasil, por sua vez, está em negociações para reverter tarifas sobre aço e alumínio e resolver questões relacionadas ao etanol.