Vereador ironiza coincidência entre voto contra Dia da Democracia e interrogatório de Bolsonaro

Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Jair Renan (PL-SC) foi o único vereador de Balneário Camboriú a votar contra a criação do Dia da Democracia, instituído para homenagear o ex-prefeito Higino João Pio, morto pela ditadura militar em 1969. A votação ocorreu na mesma data em que Jair Bolsonaro depôs ao Supremo Tribunal Federal sobre a trama golpista.

O projeto foi aprovado nesta terça-feira, 3 de março, e três correligionários de Jair Renan, Victor Forte, Arlindo Cruz e Guilherme Cardoso, votaram a favor. Outros dois vereadores do PL não participaram da votação. Renan questionou a motivação por trás da proposta, afirmando que não se deixaria atingir por supostas perseguições. Ele declarou ser a favor da democracia e não ter nada contra Higino João Pio.

Em março, Renan já havia se posicionado contra a atualização de documentos da Câmara que reconheciam a morte de Pio como resultado da ditadura. A nova certidão de óbito, entregue a familiares, passou a incluir que ele morreu de forma violenta pelo "estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática". Higino Pio foi o primeiro prefeito eleito de Balneário Camboriú e, em 1969, foi preso sob acusações de corrupção, que nunca foram comprovadas.

Contexto Histórico

A prisão de Higino Pio, segundo a Comissão da Verdade, foi motivada por sua amizade com o ex-presidente João Goulart, deposto em 1964. Pio foi encontrado morto em sua cela no dia 3 de março de 1969, e sua história é um símbolo da repressão durante o regime militar no Brasil. A criação do Dia da Democracia visa reconhecer e lembrar esses eventos históricos, enquanto a postura de Jair Renan gera debates sobre a memória e a verdade em relação ao passado recente do país.