23 de jun 2025

Argentinos mudam forma de protestar após sucesso do seriado 'O Eternauta'
Cientistas e médicos protestam com máscaras de "O Eternauta" contra austeridade do governo Milei, enquanto busca por netos de Oesterheld se intensifica.

Retratos do escritor Hector G. Oesterheld e suas quatro filhas, sequestrados e desaparecidos durante a ditadura civil-militar na Argentina (Foto: Luis Robayo/AFP)
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Cientistas, médicos e militantes argentinos têm se mobilizado nas últimas semanas usando máscaras inspiradas em "O Eternauta" para protestar contra as políticas de austeridade do governo de Javier Milei. A série da Netflix, que estreou em 30 de abril, rapidamente se tornou um fenômeno, alcançando o primeiro lugar entre as produções de língua não inglesa na plataforma.
A obra, que simboliza a resistência contra a opressão, ressoou profundamente com a atual situação do país. Cientistas do Conicet usaram máscaras de gás durante manifestações, comparando a crise da ciência e tecnologia a uma "nuvem tóxica" que ameaça décadas de trabalho. O orçamento destinado a ciência e tecnologia em 2023 é de apenas 0,152% do PIB, o menor da história argentina.
O sucesso da série também reacendeu o interesse pela vida de Héctor Oesterheld, autor de "O Eternauta", que foi sequestrado e desaparecido durante a ditadura militar. A busca pelos netos de Oesterheld, sequestrados na mesma época, ganhou novo impulso. A entidade de defesa dos direitos humanos Hijos lançou uma campanha nas redes sociais, pedindo que pessoas nascidas entre 1976 e 1978 que tenham dúvidas sobre sua identidade entrem em contato.
Efeitos da Série
A popularidade de "O Eternauta" impulsionou a venda de quadrinhos, com exemplares esgotados na Feira do Livro de Buenos Aires. O ator Ricardo Darín, que interpreta o protagonista, se tornou um alvo de críticas do governo após comentar sobre os altos preços de alimentos em um programa de TV, gerando reações nas redes sociais.
Em junho, a situação se intensificou com a greve de médicos do Hospital Garrahan, que lutam contra os baixos salários em meio ao aumento do custo de vida. Durante os protestos, o deputado socialista Esteban Paulón usou uma máscara de gás em apoio aos profissionais de saúde, destacando a conexão entre a série e as lutas atuais.
As manifestações têm se espalhado por Buenos Aires, com cidadãos se unindo em torno de símbolos culturais que representam a resistência. A enfermeira Claudia Cruz afirmou que a apropriação de elementos da cultura pop é uma forma de protesto contra a opressão e a injustiça.
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