25 de jun 2025

Conflito entre Israel e Irã intensifica debate evangélico sobre o apocalipse
Pastor André Valadão associa tensões no Oriente Médio a profecias bíblicas, gerando debates entre evangélicos e teólogos sobre a interpretação.

Bombeiros e equipes de resgate trabalham em um local atingido por um ataque de mísseis do Irã contra Israel, em Haifa (Foto: Rami Shlush/Reuters)
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E se o Apocalipse já estiver começando? Essa é a provocativa pergunta do pastor André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha, que tem gerado discussões entre evangélicos. Em suas redes sociais, Valadão sugere que eventos apocalípticos estão se cumprindo, associando descrições bíblicas a tecnologias modernas, como drones e mísseis, em meio à crescente tensão entre Israel e Irã.
Recentemente, Valadão afirmou que os conflitos no Oriente Médio podem ser vistos como sinais do fim dos tempos, citando passagens do livro de Apocalipse. Ele convocou os cristãos a orar por Jerusalém, destacando a ameaça nuclear representada pelo Irã. Essa interpretação, no entanto, é criticada por teólogos como André Daniel Reinke, que considera essas associações teologicamente frágeis e oportunistas.
Reinke, autor do livro "Paixão por Israel", observa que não há profecias bíblicas específicas contra o Irã. Ele argumenta que a leitura literal das escrituras, que associa eventos atuais a textos antigos, distorce a ética cristã e alimenta visões políticas polarizadas. Para ele, essa "teologia do conflito" ignora a complexidade das relações internacionais e a dignidade humana.
Interpretações Divergentes
Enquanto muitos evangélicos veem os conflitos como cumprimento de profecias, a tradição judaica tem uma visão diferente. O rabino Rogério Cukierman destaca que, na maioria das interpretações clássicas, as profecias não se referem a conflitos contemporâneos. Ele critica a instrumentalização da fé judaica para justificar projetos escatológicos, afirmando que essa obsessão apocalíptica não reflete a espiritualidade judaica, que valoriza a vida no presente.
Cukierman e Reinke concordam que a intersecção entre fé e política pode alimentar radicalismos. Para eles, a simplificação do cenário político em uma luta entre bem e mal é problemática. O rabino enfatiza que a dignidade humana deve ser o foco das ações religiosas, especialmente em tempos de crise.
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