08 de jul 2025
Incertezas cercam a construção da ligação entre Salvador e Itaparica
Moradores de Itaparica temem impactos socioambientais da ponte, enquanto o governo promete dialogar e revisar estudos de impacto.

Camilo Lobo (Foto: Reprodução)
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A construção da ponte Salvador-Itaparica, idealizada em 1967, foi retomada em 2025 com apoio de estatais chinesas. O projeto, que promete ser a maior ponte da América Latina sobre a água, visa melhorar a conexão entre Salvador e a Ilha de Itaparica, mas enfrenta resistência local.
Recentemente, a sondagem do solo foi finalizada, mas moradores expressam preocupações sobre os impactos socioambientais da obra. A falta de consulta adequada às comunidades tradicionais, que incluem pescadores e quilombolas, é um ponto crítico. O Ministério Público da Bahia (MPBA) também identificou falhas nos estudos de impacto ambiental, que não refletem as condições atuais da região.
A travessia de ferry boat entre Salvador e Itaparica, que já enfrenta problemas de infraestrutura, pode ser substituída pela nova ponte. No entanto, a população teme que a construção da Variante, uma via expressa que cortará áreas de Mata Atlântica e manguezais, cause danos irreparáveis ao ecossistema local. Moradores afirmam que a obra pode afetar diretamente suas fontes de sustento e espaços sagrados.
O consórcio chinês responsável pela obra, que inclui a China Railway 20th Bureau Group Corporation e a China Construction Communications Company, venceu a licitação em 2019. O contrato inicial de R$ 7,6 bilhões foi revisado devido ao aumento dos custos de construção, agora totalizando R$ 6,9 bilhões, com um aporte público de R$ 3,7 bilhões.
As consultas às comunidades começaram apenas em junho de 2025, gerando críticas sobre a falta de transparência e respeito às diretrizes da Convenção 169 da OIT, que garante o direito à consulta prévia. O governo estadual reconhece a necessidade de atualizar os estudos de impacto e promete dialogar com as comunidades para mitigar os efeitos da obra.
A ponte Salvador-Itaparica é vista como uma solução para os problemas de mobilidade na região, mas especialistas alertam que Salvador não está preparada para o aumento do tráfego que a obra pode gerar. A construção pode transformar a ilha em uma extensão urbana da capital, sem que a infraestrutura necessária esteja em vigor.
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