09 de jul 2025
Brasil deve reavaliar estratégias para melhorar transporte e logística
Governo conclui encontros para o Plano Nacional de Logística 2050, mas participação da sociedade civil na Amazônia Legal é insuficiente.

Estrada BR-319, no Amazonas. (Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo)
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O governo federal finalizou os encontros regionais para o Plano Nacional de Logística 2050 (PNL 2050), que visa definir as obras prioritárias de infraestrutura de transportes no Brasil. Apesar de representar um avanço em direção a um planejamento mais participativo, a baixa presença da sociedade civil, especialmente na Amazônia Legal, levanta preocupações sobre a efetividade do processo.
Enquanto o Senado aprova medidas que fragilizam o licenciamento ambiental, o PNL 2050 busca articular as inovações do Ministério dos Transportes com as demandas regionais. O desafio é transformar essas inovações em projetos que respeitem a sustentabilidade e as necessidades locais. É crucial equilibrar o escoamento da produção agrícola com a viabilidade da agricultura familiar e o acesso a serviços essenciais.
Desafios e Oportunidades
O planejamento de infraestrutura no Brasil enfrenta a descontinuidade provocada por ciclos eleitorais. Entre 2007 e 2018, quatro planos logísticos foram interrompidos a cada troca de governo, resultando em desperdício de recursos. Um plano eficaz deve ser uma política de Estado, com ampla participação da sociedade. Embora o atual governo tenha promovido um processo mais democrático, a predominância de setores como indústria e agronegócio nos encontros regionais é preocupante.
Na Região Norte, especialmente na Amazônia Legal, persistem desequilíbrios históricos no planejamento logístico. Projetos anteriores focaram em corredores logísticos para exportação, negligenciando a infraestrutura necessária para a agricultura familiar e o acesso a bens básicos. Ampliar o escopo dos investimentos é fundamental para atender às múltiplas demandas da população amazônica.
Considerações Socioambientais
A questão socioambiental deve ser um fator determinante na análise de investimentos em infraestrutura. O planejamento precisa considerar a vulnerabilidade dos ecossistemas e os impactos cumulativos de grandes obras. A incorporação de riscos sociais e ambientais desde as etapas iniciais é essencial para evitar que projetos com alto potencial de impacto sejam priorizados sem a devida avaliação.
Embora os anúncios do Ministério dos Transportes indiquem avanços, a eficácia dessas mudanças dependerá de um compromisso político sólido e da participação ativa da sociedade civil. O Brasil tem a oportunidade de transformar seu planejamento em ações concretas, mas isso requer um esforço conjunto para garantir que as necessidades de todas as regiões sejam atendidas.
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