Índia busca se proteger das tarifas de Trump enquanto Brasil enfrenta pressão econômica

O Brics, grupo que reúne Brasil, Índia, China e Rússia, enfrenta tensões com os Estados Unidos, especialmente sob a administração de Donald Trump. Recentemente, a Índia optou por não criticar publicamente as tarifas impostas por Trump ao Brasil e à África do Sul, reafirmando que não pretende desafiar o domínio do dólar americano.

Trump, que rotulou o Brics como "antiamericano", anunciou uma tarifa de 10% sobre os membros do grupo, incluindo a Índia. Na quarta-feira, ele implementou tarifas de até 50% sobre o Brasil, uma das mais altas até agora. Essa decisão foi tomada logo após a cúpula do Brics no Rio de Janeiro, onde os líderes criticaram as tarifas que distorcem o comércio. Enquanto Brasil e África do Sul se manifestaram contra Trump, a Índia manteve uma postura neutra, sinalizando a intenção de preservar suas relações com Washington.

Autoridades indianas afirmam que estão monitorando as ameaças tarifárias, mas não veem motivo para alarme imediato. A Índia, que se prepara para assumir a presidência do Brics em 2026, busca se diferenciar de membros como China e Rússia, que têm uma postura mais confrontadora em relação aos EUA. O país acredita que seu valor estratégico para os Estados Unidos e sua posição cambial neutra podem resultar em um tratamento diferenciado.

Em uma coletiva de imprensa, o diplomata indiano P. Kumaran informou que não houve discussões entre o primeiro-ministro Narendra Modi e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva sobre as tarifas de Trump durante a visita de Modi ao Brasil. A Índia tem sido considerada uma parceira estratégica pelos EUA, mas as relações têm enfrentado desafios, especialmente após Trump reivindicar a mediação de um cessar-fogo entre Índia e Paquistão.