EUA sob Trump: a ascensão de uma nova oligarquia tecnológica se assemelha à Rússia pós-soviética

A desintegração da União Soviética, em dezembro de 1991, resultou na privatização de diversas empresas estatais, favorecendo burocratas que, com acesso privilegiado, adquiriram ativos a preços baixos. Nos anos 1990, esses novos magnatas, conhecidos como oligarcas, acumularam fortunas significativas, enquanto o governo recém-formado promovia e protegia essa elite econômica. Essa relação entre poder político e econômico criou um ciclo vicioso, blindando os oligarcas de qualquer controle externo.

Mais de três décadas depois, essa dinâmica se repete nos Estados Unidos, conforme apontado pelo prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz. Ele comparou a situação atual com a da Rússia, destacando a aliança entre o ex-presidente Donald Trump e magnatas da tecnologia como Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos. Stiglitz observou que, apesar das diferenças históricas e institucionais, ambos os contextos compartilham a influência desproporcional de oligarcas na formação de governos que buscam reformar regulações, ampliando seu poder e lucros.

Stiglitz expressou preocupação com o potencial imperialista dos EUA sob Trump, citando declarações do presidente sobre anexar partes de outros países. Ele também alertou sobre os impactos da política de imigração de Trump nas empresas de tecnologia, que dependem da mão de obra imigrante. A tensão entre os oligarcas, como Musk e Bezos, pode resultar em conflitos de interesses, especialmente em setores como o espacial.

Por fim, a análise de Stiglitz sugere que os arranjos oligárquicos nos EUA podem ser um experimento que ecoa a experiência russa, onde o poder governamental é eclipsado por interesses corporativos. A visão de Henry Kissinger, de que as pessoas se aglomerarão em torno de empresas em vez de governos, reforça essa preocupação sobre o futuro do poder político e econômico.