Afegãos em situação precária aguardam vistos nos EUA em 36 países após fuga em 2021

Milhares de afegãos que deixaram o país com apoio dos Estados Unidos em agosto de 2021, durante a caótica retirada das tropas americanas de Cabul, estão atualmente detidos em instalações semelhantes a prisões em 36 países. Essa informação foi revelada por uma investigação do jornal britânico The Guardian, que analisou documentos obtidos de organizações de direitos humanos. Os registros mostram separações familiares, condições inadequadas e deterioração da saúde mental, além de temores de repatriação forçada.

Em abril de 2023, 2,8 mil afegãos aguardavam vistos no Catar, 1,2 mil nos Emirados Árabes e 259 em Kosovo, entre outros locais. A Human Rights Watch (HRW) denunciou violações de direitos humanos nesses centros, com um deles em Kosovo sendo chamado de "pequena Guantânamo". Os afegãos enfrentam restrições severas, como vigilância constante e acesso negado a advogados e atendimento médico, com relatos de suicídio e greves de fome.

Desde o início da retirada, mais de 1,6 milhão de pessoas deixaram o Afeganistão, e os EUA evacuaram cerca de 120 mil indivíduos de várias nacionalidades. Até agora, mais de 190 mil afegãos migraram para os Estados Unidos, com 33 mil vistos especiais concedidos. No entanto, ainda há um grande número de afegãos aguardando decisões sobre seus pedidos de entrada.

Documentos indicam que algumas instalações em países terceiros são administradas pelos EUA, que firmaram acordos com nações como Catar e Alemanha para a "realocação temporária" de afegãos. Apesar das promessas de acesso a vistos especiais, muitos afegãos estão buscando rotas migratórias perigosas, enquanto advogados e defensores criticam a falta de cumprimento das promessas feitas pelas autoridades americanas.