Lula busca apoio da China para novos satélites CBERS em Alcântara

ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM - O governo brasileiro está em negociações com autoridades chinesas para permitir o lançamento conjunto de satélites CBERS na Base de Alcântara, no Maranhão. Essa proposta foi discutida durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China na semana passada.

Os países colaboram no programa espacial desde 1988 e já lançaram seis satélites CBERS, todos a partir da China. O Brasil busca agora que os lançamentos ocorram em seu território, especialmente com a previsão de dois novos satélites: o CBERS-5, para 2030, e o CBERS-6, para 2028. O CBERS-5 será o primeiro satélite em órbita geoestacionária, focado em monitoramento climático, enquanto o CBERS-6 contará com tecnologia de radar chinesa, capaz de operar em qualquer condição climática.

Acordos e Desafios

Os dois países assinaram um Plano de Cooperação Espacial para o período de 2023 a 2032. Apesar do avanço, o Brasil enfrenta desafios devido a restrições tecnológicas impostas pela China, que até agora não permitiu lançamentos fora de suas bases. Um conselheiro presidencial afirmou que essa mudança é crucial para a formação de uma cadeia de suprimentos e capacitação de pessoal no Centro Espacial de Alcântara.

O domínio da tecnologia espacial é um ponto de disputa entre potências, envolvendo EUA, China, Rússia e Índia. Em 2019, o Brasil firmou um Acordo de Salvaguardas Tecnológicas com os EUA, que impõe restrições a lançamentos com componentes americanos, complicando a cooperação com a China. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicou que os satélites CBERS poderiam ser lançados de Alcântara, desde que utilizassem um foguete brasileiro, o que atualmente não é viável.

Perspectivas Futuras

O governo brasileiro planeja discutir a questão durante a visita do presidente Xi Jinping ao Brasil em julho, durante a Cúpula do Brics. O ministro Rui Costa, da Casa Civil, destacou a importância de viabilizar a montagem de uma infraestrutura de lançamento no Brasil, visando o médio e longo prazos. Além disso, os países firmaram acordos em diversas áreas, incluindo produção de vacinas e equipamentos médicos, reforçando a parceria estratégica entre Brasil e China.