Noruega critica modelo de ajuda humanitária em Gaza e defende reforma global

A ajuda humanitária global enfrenta um cenário crítico em 2025, com uma queda de 9,6% em 2024, a primeira redução em cinco anos. Projeções indicam que essa diminuição pode chegar a 25% até 2026. Bard Vegar Solhjell, ex-diretor da Agência Norueguesa para a Cooperação ao Desenvolvimento (Norad), critica a postura de Israel em relação à ajuda humanitária em Gaza e pede reformas na arquitetura da ajuda global.

Em entrevista ao GLOBO, Solhjell destacou a importância de princípios humanitários na distribuição de ajuda. Ele criticou o bloqueio israelense à entrada de suprimentos na Faixa de Gaza, que tem impactado severamente a população local. O ex-diretor defendeu que a ajuda deve ser baseada em humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência.

Recentemente, soldados israelenses abriram fogo contra palestinos em um ponto de distribuição de alimentos da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada por Israel e financiada pelos Estados Unidos. Solhjell afirmou que a GHF não segue os princípios humanitários e que a Noruega se alinha com a ONU em sua oposição a esse modelo de ajuda. Ele considerou o incidente uma violação grave do direito internacional.

A Noruega, um dos principais doadores de Gaza, tem criticado a falta de segurança para trabalhadores humanitários. Solhjell ressaltou que Israel deve permitir a entrada de mais recursos e garantir acesso seguro. Ele afirmou que a situação política é complexa, mas é essencial manter o diálogo para melhorar as condições de ajuda.

A crise global de ajuda humanitária é vista como uma oportunidade para repensar os modelos de financiamento. Solhjell acredita que a reforma da arquitetura da ajuda é necessária para garantir que os recursos sejam utilizados de forma mais eficaz. Ele enfatizou a importância de envolver mais países no financiamento de esforços humanitários e na mitigação das mudanças climáticas.

A situação das instituições multilaterais, como a Agência da ONU para Refugiados da Palestina (UNRWA), é crítica. Solhjell reconheceu que a falta de confiança nas instituições é um desafio, mas defendeu que a ONU e outros organismos ainda são confiáveis. Ele pediu reformas para garantir que os recursos sejam gastos de maneira mais eficiente.