Rodrik alerta sobre os riscos da globalização e o crescimento do populismo na democracia

Dani Rodrik, economista da Universidade de Harvard, discute a relação entre democracia, soberania nacional e globalização em entrevista ao EL PAÍS. Rodrik afirma que é impossível ter os três elementos simultaneamente, destacando que populismos, como o de Donald Trump, surgiram em resposta à má gestão da globalização.

Rodrik observa que os populistas são os únicos a reconhecer que a integração econômica e a democracia não podem coexistir plenamente. Ele critica a falta de resposta dos partidos moderados às tensões geradas pela globalização extrema, que resultaram em divisões sociais significativas.

O economista aponta que a globalização permitiu que políticos demagogos explorassem a ansiedade econômica e a erosão da classe média. Ele destaca que a xenofobia e o racismo são frequentemente utilizados como ferramentas por esses líderes para desviar a atenção dos problemas econômicos reais.

Impactos da Globalização

Rodrik afirma que a hyper-globalização teve um impacto subestimado nas sociedades ocidentais, criando divisões entre os beneficiários e os prejudicados. Ele critica a resposta dos políticos, que muitas vezes sugerem que a solução é "obter uma educação" em vez de abordar as ansiedades econômicas diretamente.

Recentemente, a Alemanha anunciou reformas para aumentar os investimentos públicos, o que Rodrik considera um passo positivo. No entanto, ele ressalta a necessidade de uma estratégia de investimento coordenada em toda a Europa, incluindo a criação de Eurobonds para financiar áreas como ciência e tecnologia.

Desafios Futuros

Rodrik alerta que as políticas de Trump podem ter consequências globais, especialmente se os EUA impuserem tarifas elevadas sobre produtos europeus. Ele observa que, embora isso possa causar um impacto imediato, a Europa pode se manter próspera mesmo diante de políticas autodestrutivas dos EUA.

O economista também menciona que a hegemonia do dólar pode estar em risco, já que muitos países estão considerando reduzir sua dependência da moeda americana. Ele conclui que a situação atual representa uma luta mais ampla pela identidade e valores da sociedade americana, com Harvard se tornando um símbolo dessa resistência.