10 de jun 2025

Pesca industrial e clima ameaçam a Antártida e o equilíbrio do planeta
Relatório alerta sobre a pesca predatória de krill na Antártica e pede proteção urgente de áreas marinhas para preservar o ecossistema.
Foto:Reprodução
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A Antártica, frequentemente ignorada nas discussões políticas globais, enfrenta sérios desafios devido à pesca industrial e às mudanças climáticas. Um novo relatório do grupo Defensores da Antártica, apresentado na terceira Conferência da ONU sobre os Oceanos (UNOC3) em Nice, França, destaca a exploração predatória do krill e pede a ampliação das Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) na região.
O krill, um crustáceo essencial na cadeia alimentar da fauna antártica, é alvo crescente da pesca industrial, que consome cerca de 80 milhões de toneladas anualmente. Essa espécie não apenas sustenta pinguins, baleias e focas, mas também desempenha um papel crucial na captura de carbono, ajudando a regular o clima. O professor Ronaldo Christofoletti, da Unifesp, alerta que a pesca excessiva e as mudanças climáticas comprometem a saúde do ecossistema antártico.
Pressão por Proteção
Os cientistas e ambientalistas pedem a ampliação das AMPs, especialmente na Península Antártica, que sofre com o aquecimento global e a concentração da pesca de krill. Desde a criação da Comissão para a Conservação dos Recursos Marinhos Vivos da Antártida (CCAMLR) em 1982, apenas duas AMPs foram estabelecidas. Propostas para proteger áreas como o Mar de Weddell e a própria Península têm sido bloqueadas por países como Rússia e China, que alegam falta de base científica.
A CCAMLR tinha um limite de 620 mil toneladas para a pesca de krill, mas a falta de consenso levou ao fim das regras que distribuíam a pesca em zonas ecologicamente sensíveis. Em 2023, a Noruega liderou a pesca no Oceano Antártico, respondendo por 67,2% da captura total, seguida por China e Coreia do Sul.
O Papel do Brasil
O relatório também sugere que 30% das águas antárticas sejam protegidas até 2030, alinhando-se ao Marco Global da Biodiversidade. O Brasil, que presidirá a Conferência da ONU para o Clima (COP30) em Belém, pode desempenhar um papel crucial nessa questão. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a importância de convencer líderes sobre a urgência das mudanças climáticas.
Durante a UNOC3, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou contra práticas predatórias que ameaçam a biodiversidade marinha. O aumento das temperaturas dos oceanos, que mais que dobrou desde 1993, e a redução da extensão do gelo na Antártica são sinais alarmantes da crise climática. Maximiliano Bello, da Blue Marine Foundation, reforçou que a saúde da Antártica é vital para o equilíbrio climático global.
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